Que Azeredo Lopes era uma nulidade política já todos sabíamos de antemão. Que não era flor que se cheire já também todos desconfiávamos. Mas que era (alegadamente) um criminoso, até a mim me custa a acreditar. Com que então o arauto moral do socialismo democrático não só ajudou a arquitectar o misterioso reaparecimento das armas de Tancos, como ainda teve a distinta lata de mentir na Assembleia da República? Ainda por cima cometeu a burrice de confessar tudo através de um SMS para o deputado Tiago Barbosa Ribeiro? É óptimo quando a realidade supera até a melhor das ficções.
Não sei se tudo isto é verdade e cabe aos órgãos judiciais investigarem e aos tribunais julgarem em conformidade com as provas. No entanto, a ser verdade, as consequências para os visados não devem e não podem ser apenas penais. Neste caso é preciso ir mais longe e exigir ao Partido Socialista que retire consequências políticas de toda esta história. É verdade que Azeredo Lopes não consta na lista de deputados socialistas, no entanto, é igualmente verdade que Tiago Barbosa Ribeiro – que se calou perante toda esta tramóia – é o número 8 da lista do PS pelo Porto, o que fará com que seja eleito novamente deputado. Poderá um deputado ter este tipo de atitudes e exercer o seu mandato? É óbvio que não.
Mas este episódio deve fazer-nos pensar também sobre o estado da nossa governação, a qualidade da nossa classe política e obviamente também sobre o aparente e surpreendente sentimento de impunidade dos governantes socialistas. Tiago Barbosa Ribeiro tem 36 anos e uma carreira partidária invejável, onde constam vários cargos partidários e autárquicos de relevo, entre eles até a presidência da concelhia do Porto do PS. A alguém tão jovem e com um percurso político tão rico seria obviamente exigível uma outra postura perante um caso com esta gravidade. Não é que tenha cometido algum crime – segundo os jornais aparece no processo enquanto testemunha – mas parece-me óbvio que a ser verdade esta omissão, este pode ser o fim de uma carreira política que aparentemente seria promissora. É pena.
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