É sobre esta lente que se deve fazer um exame a respeito dos resultados obtidos. E esses estão bem longe do que se diz ou da perceção que se tenta impor. Temos hoje um Estado a funcionar pior: cobra mais, responde menos, soçobra na saúde, falha nos transportes. Olha-se para diante e o cenário não é animador. O que se fez que carregue ambição e projeto futuro? O que se fez para remover estrangulamentos ao desenvolvimento? O que se fez para dar melhor saúde a todos? Diria que muito pouco.
A fórmula consistiu em somar aos ganhos de conjuntura uma arrepiante redução do investimento para níveis nunca antes vistos, nem mesmo nos tempos idos da troika. Na saúde não se substituem equipamentos de diagnóstico nem se adquirem novos, na educação não se melhoram as escolas nem se recuperam, nas infraestruturas não se modernizam os comboios nem se tapam os buracos das estradas.
Deve estar a pensar, tal como eu, que a respeito destas coisas ouviu muitos anúncios e tem quase a certeza que isto não pode ser assim. Mas é! Por comparação a 2015, em 4 anos investe-se menos cerca de 3000 milhões de euros, embora os sucessivos orçamentos não o confessassem. A manipulação é simples, porém grosseira.
Coloca-se no orçamento, mas não se cumpre, e vai-se colocando todos os anos num exercício cansativo que começa por funcionar mas cada vez mais está patente até para os observadores mais desatentos.
Entretanto, vamos sendo ultrapassados, a caminho da cauda da Europa, mas radiantes por termos concluído a legislatura, assinalando que o concerto de posições foi um êxito que deve ser repetido. Se em tempos favoráveis foi impossível levar tamanhas contradições a algum lado, como seria em desfavoráveis? O PS não tem qualquer visão reformista para o Estado. A sua política assente no domínio das artes menores e na ardilosa gestão do dia-a-dia à qual o país nunca aguentou ficar preso muito tempo e quando ficou sabe o que sucedeu.
Deputado do PSD