A questão que vai na cabeça de quem come um belo bife em sangue


Ora, ninguém gosta de pensar no sofrimento dos bichos quando está a comer um belo bife mal passado. Ninguém quer estragar a refeição a pensar nas condições absolutamente deploráveis dos matadouros. Mas isso obriga-nos a alterar um hábito que nos vem de há centenas de milhares de anos? 


É cada vez mais frequente, em ocasiões em que nos sentamos à mesa ao lado de pessoas com quem habitualmente não partilhamos as refeições, haver alguém que revela não comer carne.

A tendência tem-se verificado em Portugal e não só. Em entrevista nesta edição, Matt Preston, o carismático jurado do Masterchef Austrália que usa calças extravagantes e lenço de seda ao pescoço, diz mesmo que o veganismo está a tornar-se uma moda, como há tempos eram (e julgo que continuam a ser…) os produtos light e sem açúcar.

Para o crítico gastronómico, não comer carne não se trata, na maioria dos casos, de uma questão ética, mas sim de um fenómeno de imitação.

Seja ou não o vegetarianismo uma moda, o facto é que o ser humano come outros animais há centenas de milhares de anos. O sabor da carne (e do peixe) é algo que nos está entranhado nos genes. Os legumes e plantas foram originalmente um complemento para quando a caça faltava. Mas nunca um substituto.

Pela minha parte, parece-me louvável este sentimento de piedade para com os animais manifestado pelos vegan. Mas estranho a adesão de tanta gente a um modo de vida contra natura. Na natureza, muitos animais só não se comem uns aos outros se não puderem.

Ainda assim, temos de reconhecer que o que o homem faz é diferente: não apanha as presas em combate, mas mantém-nas cativas em estruturas que só servem para as criar e abater.

E chegamos então à questão ética. Ao contrário de Matt Preston, creio que ela está na cabeça de muita gente. 

Quando foi fotografar um grande matadouro nos EUA, o famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ficou tão repugnado que passou um dia ou dois a vomitar. O mesmo se passava com todos os novos funcionários, mas depois acabavam por habituar-se.

Ora, ninguém gosta de pensar no sofrimento dos bichos quando está a comer um belo bife mal passado. Ninguém quer estragar a refeição a pensar nas condições absolutamente deploráveis dos matadouros. Mas isso obriga-nos a alterar um hábito que nos vem de há centenas de milhares de anos? Não necessariamente. Devíamos, isso sim, exigir leis que impusessem condições para os animais viverem condignamente, se possível felizes. E não era só o PAN – todos nós.

A questão que vai na cabeça de quem come um belo bife em sangue


Ora, ninguém gosta de pensar no sofrimento dos bichos quando está a comer um belo bife mal passado. Ninguém quer estragar a refeição a pensar nas condições absolutamente deploráveis dos matadouros. Mas isso obriga-nos a alterar um hábito que nos vem de há centenas de milhares de anos? 


É cada vez mais frequente, em ocasiões em que nos sentamos à mesa ao lado de pessoas com quem habitualmente não partilhamos as refeições, haver alguém que revela não comer carne.

A tendência tem-se verificado em Portugal e não só. Em entrevista nesta edição, Matt Preston, o carismático jurado do Masterchef Austrália que usa calças extravagantes e lenço de seda ao pescoço, diz mesmo que o veganismo está a tornar-se uma moda, como há tempos eram (e julgo que continuam a ser…) os produtos light e sem açúcar.

Para o crítico gastronómico, não comer carne não se trata, na maioria dos casos, de uma questão ética, mas sim de um fenómeno de imitação.

Seja ou não o vegetarianismo uma moda, o facto é que o ser humano come outros animais há centenas de milhares de anos. O sabor da carne (e do peixe) é algo que nos está entranhado nos genes. Os legumes e plantas foram originalmente um complemento para quando a caça faltava. Mas nunca um substituto.

Pela minha parte, parece-me louvável este sentimento de piedade para com os animais manifestado pelos vegan. Mas estranho a adesão de tanta gente a um modo de vida contra natura. Na natureza, muitos animais só não se comem uns aos outros se não puderem.

Ainda assim, temos de reconhecer que o que o homem faz é diferente: não apanha as presas em combate, mas mantém-nas cativas em estruturas que só servem para as criar e abater.

E chegamos então à questão ética. Ao contrário de Matt Preston, creio que ela está na cabeça de muita gente. 

Quando foi fotografar um grande matadouro nos EUA, o famoso fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado ficou tão repugnado que passou um dia ou dois a vomitar. O mesmo se passava com todos os novos funcionários, mas depois acabavam por habituar-se.

Ora, ninguém gosta de pensar no sofrimento dos bichos quando está a comer um belo bife mal passado. Ninguém quer estragar a refeição a pensar nas condições absolutamente deploráveis dos matadouros. Mas isso obriga-nos a alterar um hábito que nos vem de há centenas de milhares de anos? Não necessariamente. Devíamos, isso sim, exigir leis que impusessem condições para os animais viverem condignamente, se possível felizes. E não era só o PAN – todos nós.