Ao contrário de alguns amigos mais céticos, que acham que tudo não passa de uma “fantochada” (a expressão é deles, não minha), simpatizo com a causa dos novos ecologistas. A sua líder, a jovem sueca Greta Thurnberg, conquistou teimosamente a atenção do mundo, despertou consciências para o problema ambiental com que o planeta se debate e tem hoje uma legião de seguidores. A sua viagem a bordo de um veleiro para participar numa cimeira sobre alterações climáticas pode ser mais do que um gesto bem-intencionado: é uma chamada de atenção para o enorme rasto de poluição deixado pelos aviões.
Dito isto, devemos ter consciência de que nem todos os protestos dos ecologistas são tão inocentes quanto possam parecer. Há dias, fiquei pasmado ao descobrir que hoje pululam as academias ou boot camps onde os jovens aprendem técnicas de guerrilha para resistir às autoridades e tornar os seus protestos mais eficientes.
Qual é o problema?, perguntarão.
O problema é que isto revela: 1. que os protestos não são espontâneos, mas cuidadosamente orquestrados;_2. que são apoiados com dinheiros vindos não se sabe de onde nem com que interesses;_3. que para alguns dos jovens os protestos não são ações pontuais contra certas injustiças, mas tornaram-se um modo de vida;_4. que os manifestantes baseiam a sua visão do mundo na luta de classes – dos indefesos contra os poderosos, dos idealistas contra o capitalismo, dos bons contra os maus. Só que os indefesos pelos vistos também estão armados, os idealistas afinal também são pragmáticos e os bons… enfim, podem estar cheios de boas intenções, mas não sabemos se serão assim tão bonzinhos.
E há mais. Se estes protestos já têm este grau de organização, premeditação e sofisticação, quem nos garante que os seus mentores não são capazes também de orquestrar campanhas com objetivos políticos dissimulados? Durante a Guerra Fria, muitas ações contra a proliferação das armas nucleares eram afinal pagas pela União Soviética para desacreditar os EUA_junto da opinião pública. Não digo que seja o caso dos ambientalistas. Mas também não faz mal nenhum estarmos atentos.