Benfica-FC Porto.  A nova Luz brilha mais  para o lado do dragão

Benfica-FC Porto. A nova Luz brilha mais para o lado do dragão


Num ápice, tudo mudou: o FC Porto foi à Luz vencer por 2-0 e acabar com o estado de graça de Bruno Lage. Entretanto, à frente dos dois está agora… o Sporting!


É uma realidade absolutamente incontornável: desde que a nova Luz… viu a luz, a eventual vantagem que o fator-casa pudesse significar para o Benfica nos jogos com o FC Porto não passa de uma mera ilusão. Já era assim antes do clássico deste sábado, que veio confirmar ainda mais essa tendência, num rolo compressor histórico que fez de Bruno Lage apenas a vítima mais recente.

Ao todo, em 16 jogos para o campeonato desde 2004, eram seis vitórias azuis-e-brancas contra quatro encarnadas. Eram, pois claro: agora são sete para os dragões, depois de um jogo onde o FC Porto esteve perto da perfeição, manietando por completo um Benfica que nunca conseguiu encontrar soluções para furar a muralha portista.

Pelo contrário, na área de Vlachodimos as ocasiões de golo foram aparecendo – ainda que a conta-gotas, é verdade, pois já de há muito tempo a esta parte que estes clássicos são bem mais táticos (que é como quem diz, aborrecidos) do que propriamente espetaculares. Da primeira parte, fica uma grande defesa de Vlachodimos a remate de Zé Luís, que depois acabaria por marcar de calcanhar após um cabeceamento de Ferro… contra as costas de Rúben Dias. Após o hat-trick frente ao Vitória de Setúbal, mais um golo para o cabo-verdiano recrutado aos russos do Spartak, que assim se isolou na liderança da tabela de artilheiros do campeonato.

Dragão (continua) bem vivo Um lance bastante ilustrativo do que foram os 90 e tal minutos de jogo na Luz: um Benfica a errar como nunca antes no consulado de Bruno Lage e um FC Porto sereno, organizado e lúcido como ainda não se tinha visto esta época. Desta feita, o técnico encarnado nem nas substituições acertou: Taarabt nada trouxe de novo e Chiquinho sofreu uma lesão que pode ser grave e que o fez ficar “nas covas” no lance que matou o jogo: o golo de Marega. O maliano já tinha falhado alguns minutos antes um golo cantado, e à segunda fez mesmo o gosto ao pé, servido de bandeja por Otávio.

Esfumou-se assim um dos objetivos encarnados: o de somar o terceiro triunfo consecutivo em jogos com os dragões para a liga, algo que não acontece desde 1972/73. E, já agora, o de repetir o feito da época passada, quando venceram os dois jogos (1-0 na Luz, ainda com Rui Vitória ao leme, e 1-2 no Dragão, já no reinado de Bruno Lage). No panorama global, o FC Porto ficou ainda mais por cima com novo triunfo: em 170 jogos, soma 67 vitórias contra 57 dos encarnados.

Num ápice, portanto, todas as certezas se dissiparam e os prognósticos baseados nos primeiros jogos se alteraram: um FC Porto ferido no seu orgulho, depois da derrota em Barcelos a abrir o campeonato (2-1) e do afastamento precoce da Liga dos Campeões (fruto do desaire caseiro com o Krasnodar, por 3-2), foi ao Estádio da Luz defrontar um Benfica que parecia imparável… e venceu por 2-0, aplicando a Bruno Lage a sua primeira derrota no campeonato desde que substituiu Rui Vitória no comando das águias, em janeiro.

Sigam o leão E se dúvidas ainda houvesse sobre este autêntico mundo ao contrário no que respeita ao futebol nacional no fim desta jornada 3, basta olhar para a tabela classificativa. Sim, é mesmo verdade: lá em cima (à hora do fecho desta edição ainda não era conhecido o resultado da partida entre o Vitória de Guimarães e o Famalicão, sendo esta a única equipa que poderia igualar ou ultrapassar os leões) está o Sporting, aquela equipa que até há uma semana parecia estar em cacos, somando meses e meses sem vencer um único jogo, com a goleada frente ao Benfica (0-5, para a Supertaça) e o 1-1 no terreno do Marítimo a abrir o campeonato.

Depois da vitória sobre o Braga (2-1), na ronda 2, desta feita os leões foram ao Algarve impor-se perante o Portimonense: 1-3, com bis de Raphinha, que andava a ser criticado… por não marcar golos, e o outro tento a pertencer a Luiz Phellype, para já o único substituto de Bas Dost.