A campanha agrícola 2017/18 ficou marcada por quebras nas produções. No entanto, houve dois produtos que se destacaram – a produção de laranja atingiu números recorde e, pelo segundo ano consecutivo, a produção de azeite ficou acima de um milhão de hectolitros.
Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que os pomares de citrinos produziram em 2018 403 mil toneladas, acima das 347 mil registadas em 2017. Este valor representa 6,9% do volume total de produção agrícola.
Este aumento é explicado pela entrada em produção de novos pomares, “com a produção de laranja a atingir o nível mais elevado desde 1986”, descreve o INE.
Em relação ao azeite, o instituto explica que em 2018 foram produzidos 1,1 milhões de hectolitros deste produto alimentar. No ano anterior tinham sido produzidos 1,5 milhões. “Não obstante o decréscimo verificado face à campanha precedente, a ocorrência de duas campanhas consecutivas com produções acima de um milhão de hectolitros é uma situação pouco comum. Analisando os cem anos de dados estatísticos, esta ocorrência apenas se tinha verificado nos anos de 1956 e 1957”, explica o INE.
Produções em queda No relatório, o INE refere que as condições climatéricas sentidas no ano passado dificultaram a instalação das culturas ao longo do ano. “A área de cereais de inverno não ultrapassou os 117 mil hectares, a mais baixa desde que há registos sistemáticos, enquanto a de milho para grão (83,4 mil hectares) decresceu pelo quarto ano consecutivo”, descreve o instituto.
Esta situação teve um impacto claro nas produções: esta campanha saldou-se por uma produção de 5,8 milhões de toneladas de culturas agrícolas e produção de carne e ovos, menos 600 milhares de toneladas do que na campanha anterior. Foi registado também um decréscimo considerável no vinho, que passou de 6,6 milhões de hectolitros em 2017 para 5,9 milhões na última campanha.
A produção de cereais também baixou de 929,9 mil toneladas em 2017 para 874,5 mil no ano passado. “A ocorrência de fenómenos extremos de vento e precipitação, associados à tempestade Leslie, foi uma das causas para o decréscimo de produção, para além do decréscimo de área em resultado da instalação tardia das sementeiras”, refere o INE.
Também nos frutos frescos houve uma queda de 683 mil toneladas em 2017 para 576 mil. O INE dá destaque a uma quebra de 20% na produção de peras e maçãs “devido a condições climatéricas desfavoráveis na fase de floração/vingamento dos frutos, agravada pelas precipitações intensas sob a forma de granizo e pela onda de calor do início de agosto”. Já a produção de pêssegos beneficiou das condições meteorológicas, registando um aumento de produção “que se situou 11,5% acima da média do último quinquénio”.
O único setor que cresceu foi o do leite, que passou de 19 milhões de hectolitros para 19,8 milhões. “O acréscimo de produção foi essencialmente suportado pelo aumento da produção de leite de vaca na Região Autónoma dos Açores, uma vez que, no Continente, a necessidade de ajustar a produção aos níveis contratualizados levou a uma produção ligeiramente inferior à apurada no ano precedente”, explica o INE.