A Polícia Judiciária (PJ) apreendeu “barras de ouro e notas do Banco Central Europeu num valor que ronda os 900 mil euros”, deu conta o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) num comunicado. As barras de ouro estavam escondidas “nas paredes e no vão de um jacuzzi”.
Os valores encontrados, de acordo com o Jornal de Notícias, estavam numa casa de António Calvete, presidente do grupo de colégios privados GPS, que foi alvo de buscas. A investigação da PJ e do Ministério Público (MP) surgiu depois de diversos bancos dado o alerta e foi feita ao abrigo da lei do branqueamento de capitais, uma vez que António Calvete terá realizado vários depósitos avultados em contas de familiares. Com esse dinheiro, terá depois comprado as barras de ouro.
O imóvel, uma moradia situada na freguesia de Louriçal, em Pombal (Leiria), não foi o único a receber a visita dos inspetores da PJ: várias outras residências e empresas na zona foram também alvo de buscas, incluindo um filho do ex-deputado do Partido Socialista (PS).
Na investigação, que de acordo com o DCIAP “não tem arguidos constituídos”, estão em causa suspeitas de lavagem de dinheiro. “Em causa estão indícios de que um dos suspeitos, arguido num outro processo e em data próxima da acusação nesse mesmo inquérito, deu início a um processo de conversão de dinheiro em ouro”, continua o comunicado, referindo-se ao processo dos colégios GPS, em que António Calvete é acusado, a par de outros quatro arguidos, dos crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e peculato – e que vai a julgamento no próximo dia 12 de setembro. Nesse processo, o MP acusa a administração do grupo de ter lesado o Estado, obtendo 803 milhões de euros do Estado através dos contratos de associação celebrados com os colégios que integraram o grupo.
O grupo, de resto, chegou a ser proprietário de um total de 13 colégios que recebiam o apoio do Estado, mas não só: detém ainda uma rede de empresas da área dos transportes, à área dos supermercados e das agências de viagens.