Louvre. O museu mais visitado  – ou o mais difícil  de visitar – do mundo

Louvre. O museu mais visitado – ou o mais difícil de visitar – do mundo


Depois de, em 2018, o Louvre ter batido todos os recordes de visitantes, os trabalhadores do museu decidiram, em protesto contra a sobrelotação, controlar eles próprios as entradas.


No início do ano faziam-se notícias sobre como o Louvre não parava de bater recordes de visitantes. Ao longo do ano de 2018, escrevia o Le Monde em janeiro, o museu parisiense aumentara o número de visitas em 25% face ao ano anterior, ultrapassando a barreira dos 10 milhões. Perante o crescimento anormal do número de visitantes, os trabalhadores, que já antes desse recorde era o mais visitado em todo o mundo, protestam contra a resistência da administração em aumentar o número de funcionários, com o encerramento do museu.

Aconteceu na segunda-feira, dia em que o Louvre se manteve de portas fechadas. Foi a forma encontrada pelos trabalhadores de tomarem uma posição face à não contratação de novos funcionários perante o crescimento desmedido do número de visitantes – sobretudo turistas, que representaram em 2018 três quartos das entradas. E, depois do habitual dia de descanso, terça-feira, foi acontecendo também ao longo do dia de ontem, em que, apesar das ameaças dos trabalhadores, o Louvre não esteve já fechado, mas foram permitidas apenas entradas aos visitantes que tinham adquirido os seus bilhetes online.

“Museu excecionalmente cheio. Apenas a compra de bilhetes online pode garantir a sua entrada no museu”, lia-se nos avisos, estendidos ao site daquele que, além do resto, é também o maior museu de arte do mundo. Na terça-feira, o corpo de funcionários do Louvre tinha chegado a admitir mantê-lo encerrado também ao longo do dia de ontem – decisão em que voltaram atrás depois de uma reunião com a administração logo de manhã, na qual terão sido, segundo avançou à imprensa o representante sindical Pierre Zinenberg, avaliadas questões de segurança e de condições de trabalho.

Mais visitas, menos funcionários 

A decisão dos trabalhadores de manter, na segunda-feira, o Louvre encerrado como forma de exigir o aumento do número de funcionários em resposta ao crescimento do número de visitas veio depois de um fim de semana marcado por longas filas e vários problemas de organização e segurança, causados pela sobrelotação do museu – dificuldades que se revelaram acrescidas, como seria expetável, no acesso à Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, a pintura mais famosa do museu que constitui também um marco na cidade de Paris. Segundo Zinenberg, alguns dos funcionários do museu foram “insultados por turistas” em longas filas de espera para poderem ver a Mona Lisa.

Como forma de não permitir que o museu abrisse portas na segunda-feira, os trabalhadores pediram, em massa, baixa por esse dia, com apresentação de justificações para a ausência, de tal forma que a administração não teve condições de abrir o museu ao público. Ao mesmo tempo emitiam um comunicado em que se diziam “sufocados” e explicavam que a medida drástica tinha sido decidida em assembleia-geral, como forma de protesto contra a sobrelotação do museu junto da administração.

No ano passado, o Louvre, que era já o museu mais visitado do mundo, bateu o seu próprio recorde de visitas: 10,2 milhões, ao longo do ano, que representavam um aumento em 2,1 milhões em relação ao ano anterior e que, além disso, batiam o recorde do próprio museu no seu melhor ano: 2012, em que se haviam registado 9,7 milhões de entradas. Segundo disse ainda Zinenberg à Associated Press, o aumento do fluxo de visitantes não tem sido acompanhado de novas contratações, bem pelo contrário: segundo o representante dos trabalhadores, o número de funcionários do Louvre tem mesmo vindo a diminuir ao longo da última década.