PCP desceu em todas as eleições depois da geringonça

PCP desceu em todas as eleições depois da geringonça


A cinco meses das legislativas, resultado dos comunistas nas europerias fez soar o alarme na Soeiro Pereira Gomes. PCP reúne hoje comité central


Desde 2015, quando firmou o acordo com o PS e com o Bloco de Esquerda para formar a geringonça, que o PCP tem vindo a perder peso em todas as eleições, sejam presidenciais, autárquicas e agora europeias.

Uma tendência que está a fazer soar os alarmes na Soeiro Pereira Gomes com o Comité Central do partido a reunir hoje para analisar a “situação política e social” e traçar a “ação e iniciativa política” para o futuro.

E com as legislativas no horizonte, marcadas para 6 de outubro, os comunistas que se retraíram no ataque ao PS durante a campanha às europeias podem agora vir a endurecer o tom com os socialistas, havendo o risco de o PCP optar por não repetir a solução da geringonça.

Depois de conhecidos os resultados da CDU para o Parlamento Europeu – que caiu dos 12,6% para os 6,8% – Jerónimo de Sousa reconheceu, no centro de trabalho comunista Vitória, em Lisboa, que a votação foi “particularmente negativa” e que é um “sinal de alerta”.

Por isso, o secretário-geral do partido não demorou a lançar o recado ao PS. Para Jerónimo de Sousa houve “capitalização” de eleitorado comunista na votação conseguida pelo PS. E o líder comunista aproveitou para salientar que alguns dos “avanços nas condições de vida alcançados nestes três anos e meio” são resultado da “iniciativa do PCP e do PEV na Assembleia da República”.

Sobre o futuro da geringonça, o secretário-geral do PCP disse apenas que “é muito cedo para falar disso”. Até porque, avisou o líder comunista, “ficou de fora um mundo” entre as medidas que os comunistas queriam ver adotadas e aquilo que o PS concretizou. É o caso da contabilização do tempo de serviço congelado aos professores.

Resposta a César

Esta terá sido a resposta do líder comunista a Carlos César que algumas horas antes, depois dos resultados revelarem a vitória do PS nas eleições com 33,4% e nove mandatos, veio avisar os parceiros da geringonça que a próxima legislatura terá de ter “outro impulso reformista” onde terão de estar incluídas “outras áreas e outras temáticas”.

O presidente do PS disse ainda que os resultados vêm dar ao partido “entusiasmo e energia” para “disputar as próximas eleições legislativas”.

Para já, o dirigente socialista disse que o partido aguarda a “resposta” dos partidos da geringonça frisando que o PS está empenhado “em dialogar” para “voltar a ter um Governo que tenha um período de estabilidade correspondente ao da legislatura”.

Já António Costa aproveitou para piscar o olho aos partidos da geringonça dizendo que a derrota tinha sido dos partidos da direita (CDS e PSD) e que “é muito claro para o PS” que também o Bloco de Esquerda e o PCP, que “viabilizaram a atual solução governativa, não tiveram uma derrota” dando sinais de querer continuar com a geringonça. “Não há nenhuma razão para alterar aquilo que tem produzido bons resultados”, disse António Costa.

Resultados das eleições

De acordo com os resultados oficiais, publicados no portal da secretaria-geral da Administração Interna, desde 2015 que o PCP tem vindo a descer na votação. A 24 de janeiro de 2016, meses depois de ter sido criada a geringonça, o PCP caiu a pique nas presidenciais. Em 2011, o candidato apoiado pelos comunistas, Francisco Lopes tinha conseguido 7,14% da votação mas na última corrida a Belém, Edgar Silva não ultrapassou os 3,95%.

Uma tendência de descida que se repetiu nas autárquicas em 2017, sendo que o PCP é um partido com forte implementação autárquica. A 1 de outubro de 2017, os comunistas ficaram nos 9,4% de votos, perdendo dez autarquias – das quais nove passaram para o PS – sendo que algumas eram bastiões do partido. É o caso da Câmara de Beja que desde 1976, ano em que se realizaram as primeiras autárquicas, era liderada pelo PCP, havendo apenas uma interrupção em 2009. Também Almada era liderada pelo PCP desde o 25 de Abril e passou nas últimas eleições para os socialistas.

Por último, nas europeias que se realizaram no último domingo os comunistas perderam um eurodeputado (conseguiram à tangente eleger dois eurodeputados), e desceram dos 12,6% registados em 2014, para os 6,8% dos votos este ano.