Estamos a lidar muito mal com a chamada tecnologia. Há um deslumbramento e pouca capacidade para nos reduzirmos ao essencial, ocupar o território todo por exemplo. É uma coisa que tenho feito ao longo dos anos. Não tenho dúvida de que nós, os músicos, conhecemos bem melhor o país do que a maior parte das pessoas que ficam nos seus gabinetes e atrás dos seus centros de estudo.
A minha mensagem é mesmo esta: sair para a rua e para a estrada, ao contrário desse toque de cosmopolitismo e modernidade. Vejo as pessoas cada vez mais provincianas e mais preocupadas com o que as rodeia no seu próprio local.
Sou otimista e, por isso, daqui a dez anos tem de estar tudo muito melhor porque, por mais que os conservadores e os imobilistas queiram prolongar o statu quo, as moções vão acontecendo. As pessoas estão a preservar as suas casas, o seu espaço. Infelizmente, aquele Parlamento não está em sintonia. O mundo não pode ser decidido em escritórios de advogados. Tenho muita pena, mas já se encheram à custa dos imobiliários, das falências das empresas. Deixem as gentes vir para a rua e gritar, como diria o grande Zeca.
Rui Reininho – Músico