A Dense Air prepara-se para investir mais de 100 milhões de euros em Portugal, com o objetivo de fazer chegar a quinta geração de redes móveis, conhecida como 5G, a todas as zonas, incluindo as de difícil acesso.
A empresa, detida pela multinacional japonesa de telecomunicações e internet Softbank e com sede em Londres, atua em Inglaterra, Irlanda, Bélgica, Nova Zelândia, Austrália e, agora, Portugal. Face ao avolumado investimento que será feito, a Dense Air esteve reunida com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, em meados de abril. Esta informação foi confirmada ao i pelo diretor-geral da empresa em Portugal, Tony Boyle: “Sim, tivemos uma reunião que, a meu ver, correu muito bem”. Questionado pelo i sobre o conteúdo desta reunião, o responsável não quis abordar o assunto mas, mais tarde, um porta-voz da empresa explicou que se tratou apenas de um sinal de cordialidade: “Por uma questão de cortesia da Softbank para com o Governo português. Uma empresa que tem milhões para investir em Portugal, com quem haveria de reunir-se?”
Tony Boyle explicou ao i que, neste momento, a Dense Air está na fase de “construção da empresa, para depois começar a trabalhar em Portugal”. “Nós não vamos oferecer os nossos serviços diretamente ao público, mas sim às operadoras [de telecomunicações]. Queremos concentrar-nos em duas estratégias: melhorar a rede dentro dos edifícios, onde acreditamos que a cobertura não corresponde aos requisitos, e vamos focar-nos no 5G, para darmos serviços de fibra wireless principalmente às comunidades rurais”, explicou.
5G pronto em 2020
A Vodafone instalou a primeira antena 5G em Portugal no dia 28 de março, depois de a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) ter libertado temporariamente o espetro na faixa dos 3,6 GHz para fazer um teste real.
Mas este será mesmo só um teste, pois a Anacom ainda está a trabalhar no modelo de atribuição de licenças 5G. “Ainda não existe data fechada para a conclusão” dos trabalhos, disse fonte do regulador à agência Lusa, frisando que “Portugal definiu como objetivo cumprir o calendário da União Europeia”, que colocou como meta o ano de 2020.
Para que exista um desenvolvimento do 5G é necessária a libertação da faixa (700 MHz), que só deverá começar no último trimestre deste ano e prolongar-se até 30 de junho de 2020. Este trabalho irá implicar a migração da televisão digital terrestre (TDT) para uma nova faixa de frequências.
A polémica em torno do 5G
Com os avanços tecnológicos, também as redes móveis têm vindo a ser substituídas – o 1G foi criado em 1980 e foi entretanto substituído pelo 2G (1990), que deu lugar ao 3G (2000) e depois ao 4G (2010). E qual a diferença? Espera-se que o 5G consiga chegar a uma velocidade de, pelo menos, 10 gigabytes por segundo, o que permitira a conexão de dados ilimitados em qualquer lado.
Esta rede de quinta geração ainda não está disponível e já está a criar uma enorme polémica: as autoridades norte-americanas processaram a marca Huawei por vários crimes de fraude fiscal e espionagem industrial. Além disso, o Governo dos EUA está a incentivar todos os países a não criar uma parceria com a marca chinesa no que diz respeito à construção da rede 5G, argumentando que os seus equipamentos não são seguros e insinuando que poderão existir possíveis acessos ilegais a dados contidos nesses dispositivos. Os EUA nunca apresentaram quaisquer estudos que corroborassem estas afirmações.
O Governo português foi um dos organismos pressionados pelos EUA a não colaborar com a Huawei mas, no final de março, António Costa defendeu que “não há nenhuma razão para excluir a Huawei do mercado”.