Árvores, arbustos, flores e todos os elementos que de alguma forma tragam a Natureza para as cidades são sinónimos de benefícios vários, em particular de uma melhor qualidade do ar que se respira entre carros, alcatrão e betão. Mas a sua plantação exige cuidados e manutenção periódica, o que parece estar a falhar na Radial de Benfica, também conhecida como Avenida General Correia Barreto. Isso é, pelo menos, o que denunciava, na última semana, alguma da vegetação no separador central da via rápida: quem por ali passasse era confrontado, por exemplo, com uma árvore no separador cuja dimensão prejudicava já mesmo a visibilidade dos condutores.
Não muito longe, o cenário repetia-se mas assumia contornos ainda mais graves: imediatamente antes de uma curva, a folhagem de um arbusto plantado na berma esquerda invadia mesmo a estrada, tal o tamanho, obrigando os condutores a desviarem-se. Caso não o fizessem, um embate contra o arbusto seria inevitável.
Perante a potencial perigosidade das situações, na última quinta-feira o i contactou a Câmara Municipal de Lisboa (CML) para esclarecer qual a entidade responsável pela manutenção da vegetação da cidade. A resposta chegou na sexta-feira, ao fim do dia: cabe à autarquia fazer essa gestão, esclareceu fonte do gabinete de comunicação, que informou ainda ter “a indicação que os arbustos foram hoje [sexta-feira] cortados”. Relativamente à periodicidade da manutenção, a mesma fonte acrescentou ainda que “a varredura mecânica nas vias estruturantes (municipais) da cidade é feita trimestralmente, tal como a manutenção de arbustos em separadores”. Contudo, garantiu, a autarquia intervém “sempre que alguma situação que o justifique seja sinalizada”.
Um problema que não é novo A falta de manutenção da vegetação na cidade em geral, e dos espaços verdes em particular, não é novidade. Qualquer pessoa se apercebe de situações irregulares numa volta pela capital: quem nunca se deparou, por exemplo, com a folhagem das árvores caída sobre sinais de trânsito ou até mesmo semáforos, dificultando a sua visibilidade? A Avenida da Liberdade é só uma das ruas onde não é difícil assistir a algo do género, mas muitas mais há pela cidade fora.
A má gestão da vegetação, de resto, tem estado na base de duras críticas da oposição ao executivo camarário. No ano passado, em julho, o vereador com o pelouro da Estrutura Verde, José Sá Fernandes, anunciou que a manutenção da maior parte dos espaços verdes da cidade iria continuar a ser assegurada por empresas privadas no quadriénio de 2019-2022, o que envolve gastos avultados. O problema que obriga a essa solução, justificou na época o vereador, é a pouca abertura que existe em relação à contratação de jardineiros pela autarquia, mas ainda assim Sá Fernandes deixou uma promessa: fazer uma reavaliação do modelo “daqui a um ano [em julho de 2019], quando houver maior abertura para fazer contratações”, disse na altura numa reunião da Assembleia Municipal de Lisboa (AML). Mas os problemas relacionados com a vegetação e os espaços verdes na cidade não ficam por aqui. A Plataforma em Defesa das Árvores e o Fórum Cidadania Lx têm vindo a expor nos últimos anos diversas situações que denunciam uma manutenção insuficiente, por um lado, e o desconhecimento das necessidades das árvores, por outro. Nos grupos dos movimentos cívicos no Facebook são inúmeras as fotografias, por exemplo, que denunciam árvores cujas caldeiras estão calcetadas, o que não permite um saudável desenvolvimento.
Noutras, é possível ver árvores cortadas sem justificação e podadas fora do tempo. Entre as denúncias dos cidadãos está o corte frequente de árvores, bem como o desrespeito demonstrado por elas pelos trabalhadores de obras.