O mote é a Europa e bem pode servir de aproximação do antigo líder do CDS, desfiliado há vários anos do partido. Manuel Monteiro convidou o cabeça-de–lista dos centristas, Nuno Melo, para dar hoje uma aula sobre Europa na Universidade Lusíada. “Aceitei, sim, com muito gosto”, afirmou ao i Nuno Melo, eurodeputado e recandidato a mais um mandato de cinco anos no Parlamento Europeu.
Manuel Monteiro, recorde-se, desfiliou-se há vários anos do CDS e chegou a formar um novo partido – Nova Democracia –, mas já assumiu estar disposto a contribuir para a campanha de Nuno Melo. O eurodeputado centrista reconhece a aproximação. “Esta iniciativa já fala por si, neste caso em campanha pré-eleitoral. O significado está todo aí”, afiança o também vice–presidente centrista, interpretando este caso como um sinal “do caráter muito agregador desta candidatura”.
Hoje, o CDS entrega a lista oficial às eleições europeias no Tribunal Constitucional, tendo António Lobo Xavier como mandatário nacional. A opção pelo conselheiro de Estado e antigo líder parlamentar do CDS é “uma escolha muito natural e que deixa o CDS muito honrado”, conforme explicou ao i Nuno Melo.
Não é expetável que António Lobo Xavier participe de forma regular na campanha eleitoral a apadrinhar a equipa centrista e Nuno Melo reconhece-o: “Estará hoje na apresentação das listas e, sabendo nós que tem uma vida ocupadíssima, marcará [presença] sempre que lhe seja possível. Qualquer dia é bom para termos o dr. Lobo Xavier [na campanha]”.
Para o centrista, a escolha do advogado Lobo Xavier resulta do facto de ser “um profissional reconhecido, um advogado de altíssima categoria a quem recorrem as empresas mais importantes deste país”, uma figura que já não tem funções partidárias no CDS há alguns anos, mas que “acrescenta mais do que o CDS”.
E Nuno Melo explica porquê. “É uma inteligência superior, é um comunicador que o país conhece através de programas de televisão, entre os quais a Quadratura do Círculo e, agora, a Circulatura do Quadrado, foi meu professor universitário”, sintetiza o cabeça-de-lista do CDS para registar o que considera ser a notoriedade do mandatário nacional centrista.
No CDS existe a expetativa de se alcançarem dois mandatos nas próximas eleições, o que, a confirmar-se, garante ainda a eleição do deputado Pedro Mota Soares, antigo líder parlamentar e ex-ministro da Segurança Social. Na lista seguem-se Raquel Vaz Pinto e Vasco Weinberg.
Mudanças na liderança da bancada
Apesar de o próximo desafio eleitoral ser o das europeias, as legislativas já mexem no CDS, com algumas mudanças (sai Teresa Caeiro, por exemplo), e está já anunciado o fim de um ciclo de liderança parlamentar. Nuno Magalhães não será o próximo presidente da bancada centrista.
A longevidade do mandato, oito anos, ditou uma decisão comunicada ainda em 2018. O líder parlamentar, apurou o i, quis encerrar um capítulo da atividade política e dar lugar a outras figuras do partido. Mas pretende manter-se como deputado, sobretudo com os dossiês da administração interna. É, aliás, cabeça-de-lista por Setúbal.
Nos oito anos de mandato, Nuno Magalhães geriu a bancada nos momentos mais difíceis, designadamente no período da troika, em que foi necessário articular as propostas com o PSD, o ex-parceiro de poder no anterior Governo.
Ontem, a presidente do CDS, Assunção Cristas, desdramatizou a mudança, noticiada pela Rádio Renascença: “Naturalmente, havendo eleições e uma reconfiguração do grupo parlamentar – onde ele [Nuno Magalhães] de resto também estará, e muito bem –, é natural que haja outra liderança, mas esta não é a minha preocupação agora nem será até às eleições de outubro”, afirmou Cristas, citada pela Lusa. A explicação, à margem de uma visita à Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, foi acompanhada de um elogio a Magalhães, que “durante oito anos liderou, e muito bem, a bancada do CDS”. A sucessão está ainda em aberto – tudo dependerá dos resultados –, mas existem dois potenciais candidatos: João Almeida, porta-voz do partido, e Cecília Meireles, vice-presidente centrista.
Os nomes indicados pela líder do CDS nas legislativas, e aprovados em conselho nacional, estão a gerar alguma tensão, sobretudo a norte. Em Bragança, a líder da distrital, Carla Sofia Tavares, terá ponderado a sua demissão. Em causa estava a escolha de Nuno Moreira, filho de Adriano Moreira, para cabeça-de-lista. O i tentou contactar a dirigente, mas sem êxito.