Costa usa ministros para testar governo em campanha

Costa usa ministros para testar governo em campanha


Pedro Marques e Maria Manuel Leitão Marques no topo da lista para as europeias. Mariana Vieira da Silva, adjunta do primeiro-ministro, pode ser promovida a ministra.


Não há memória recente de uma remodelação governamental provocada pela elaboração das listas às europeias, mas o primeiro-ministro, António Costa, vai levar dois ministros para a campanha das eleições europeias: Pedro Marques, que encabeçará a lista, e Maria Manuel Leitão Marques, ministra da Presidência e da Modernização Administrativa.

A governante deve ocupar o segundo lugar da lista nas europeias. Ambos deixam o governo e tudo indica que a remodelação será feita na próxima segunda-feira, com a tomada de posse de três novos ministros.

A intenção do governo é a de arrumar o assunto rapidamente, depois de as alterações no governo terem saltado para a praça pública durante vários dias, e a agenda presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa permite que a posse do novo elenco governativo seja feita na segunda-feira.

Uma das novidades da reorganização do executivo deverá ser Nelson de Souza, atual secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, que deve passar a ser o ministro com a pasta dos Fundos Europeus. Esta solução tem sido admitida no PS nos últimos dias, sobretudo porque o governante foi gestor do programa Compete, vocacionado para a utilização de fundos europeus para internacionalização das empresas. Além disso, Nelson de Souza trabalhou diretamente com o primeiro-ministro na Câmara de Lisboa, enquanto diretor municipal das Finanças, no tempo em que Costa liderou a Câmara de Lisboa. Ou seja, Nelson de Souza é uma figura da estrita confiança do chefe do executivo.

Pedro Nuno Santos, o ainda secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, terá mais peso no executivo, sendo certo que ocupará o Ministério das Infraestruturas e da Habitação. Esta é a última versão que está a ser trabalhada pelo primeiro–ministro para apresentar ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apurou o i. Neste quadro, Pedro Nuno Santos acabará por ficar com um superministério, ainda que não tenha acesso ao dossiê dos fundos comunitários.

Em aberto estão os lugares do Ministério da Presidência e da Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares. Mariana Vieira da Silva, secretária de Estado Adjunta do Primeiro-Ministro, é apontada para um dos dois cargos. Embora a solução ainda não esteja fechada, a governante terá sempre um papel reforçado na remodelação feita em cima da pré-campanha eleitoral para as europeias.

O primeiro-ministro está a tentar encontrar uma solução para o lugar deixado vago por Maria Manuel Leitão Marques e aguarda resposta de um convite que já terá feito nesta última semana. Contudo, António Costa já terá um plano B, que deve passar pela escolha de Duarte Cordeiro, que é vice-presidente da Câmara de Lisboa, para a Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares, uma hipótese, aliás, noticiada pelo “CM”. Neste cenário, Mariana Vieira da Silva seria promovida a ministra da Presidência. De acordo com as informações recolhidas pelo i, Duarte Cordeiro ainda não recebeu também qualquer convite do primeiro-ministro.

No governo, a ordem é para remeter todo o processo para quem decide: o primeiro-ministro. No final do conselho de ministros, o secretário de Estado da Presidência, Tiago Andrade, fez o óbvio nestas ocasiões e remeteu respostas apenas para António Costa: “Sobre remodelações ou não remodelações, há uma única pessoa que pode falar sobre o assunto. Manifestamente, não sou eu.” Por seu turno, o ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, foi mais criativo na resposta: “Esse assunto é um assunto que não foi discutido em conselho de ministros e falar em últimos atos no Dia dos Namorados não me parece grande ideia”, afirmou o governante, citado pela Lusa. Na reorganização do executivo, Matos Fernandes perderá a Habitação para Pedro Nuno Santos, o governante que foi o rosto das negociações com os parceiros de esquerda e que, agora, será premiado.

Todas as soluções que Costa apresentar até domingo ao chefe de Estado serão encaradas como um elenco de continuidade, isto é, devem manter-se para lá desta legislatura se os socialistas vieram a ganhar as legislativas.

 

A última versão da lista

O primeiro-ministro prometeu uma lista paritária para as eleições europeias de 26 de maio, além de lugares elegíveis para a Madeira e os Açores, as duas regiões autónomas, que indicam sempre os nomes para as listas com relativa autonomia. Assim, Pedro Marques será apresentado amanhã como cabeça-de-lista às europeias, na convenção do partido em Vila Nova de Gaia.

A última versão que está em cima da mesa é a de colocar Maria Manuel Leitão Marques a número dois, seguindo-se Carlos Zorrinho. O quarto lugar está em aberto e será ocupado por uma de duas mulheres: Maria João Rodrigues ou Isabel Santos, uma figura do Porto. A eurodeputada Maria João Rodrigues ainda está em dúvida devido a um processo por assédio laboral. No quinto lugar deverá constar o nome de Pedro Silva Pereira e no sexto poderá surgir Liliana Rodrigues, o nome indicado pela Madeira. Os Açores deverão estar representados em sétimo por André Bradford. O oitavo lugar também está em aberto, mas pode vir a ser ocupado pela deputada socialista Sónia Fertuzinhos. O i apurou que a própria ainda não recebeu qualquer convite. Manuel Pizarro, o presidente da Federação do PS/Porto, a maior do país, pode surpreender no nono lugar, uma posição de risco, no limite das possibilidades para garantir a eleição. Em lugar não elegível, a deputada Jamila Madeira pode ser candidata no décimo posto.