Arménio Carlos é militante, foi dirigente e até deputado do PCP. Carvalho da Silva foi, até sair da liderança da CGTP, militante do PCP. Mário Nogueira, o homem que agora ameaça o governo com greves, é militante, desde os anos 80, do PCP.
O PCP, para quem ainda não deu por ela, é aquele partido que na Assembleia da República se senta entre o BE e o PS, aprovando sempre os Orçamentos do Estado deste governo que se diz de esquerda. Embora defenda coisas que, na verdade, são o oposto daquilo que votam quando aprovam um Orçamento do Estado. Confuso? Vou tentar explicar-me melhor.
Ora, o que fazem os dirigentes do PCP nas horas vagas? Ajudam os camaradas sindicalistas a organizar greves contra o governo minoritário do PS, que eles próprios seguram na Assembleia da República, e contra as políticas que são espelhadas nos Orçamentos do Estado que aprovam de olhos fechados.
Mas não é só o PCP que vive nesta hipocrisia. Assim de repente, lembro-me de no Bloco de Esquerda ver por lá nomes conhecidos do sindicalismo como António Chora, Jorge Leite e Mariana Aiveca, entre muitos outros. Militantes que trocam para a fatiota de sindicalistas quando lhes dá jeito. Sindicalistas que vestem a fatiota de militantes na hora de negociar com os governos da mesma cor política.
Aliás, esta promiscuidade entre a “reivindicação popular” e a política partidária é escandalosa e vai bem para além dos sindicatos. Recentemente, ficámos a saber que o líder da SOS Racismo vive há vários anos de assessorias do Bloco de Esquerda, quer na Câmara Municipal de Lisboa, quer na Assembleia da República. Mas será o único? Claro que não. Quem controla as principais associações reivindicativas nacionais? Quem tem mesmo tempo para isso? De que vivem essas pessoas?
A pergunta que deixo no ar é a seguinte: se PCP e BE manipulam absolutamente a esmagadora maioria do aparelho sindical e reivindicativo nacional, por que raio é que de um momento para o outro decidiram cair todos em cima do PS? Se discordam assim tanto dos camaradas socialistas, por que raio aprovam sempre os seus Orçamentos do Estado? Será que são hipócritas e calculistas ao ponto de o fazerem só por ser ano de eleições? Que tristeza.
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