Brexit. May diz que Bruxelas está empenhada em saída com acordo

Brexit. May diz que Bruxelas está empenhada em saída com acordo


Os líderes europeus estão disponíveis para “acrescentar termos” ao acordo, mas não para renegociar


A primeira-ministra britânica, Theresa May, mostrou ontem otimismo quando à possibilidade de quebrar o impasse no que toca ao Brexit. Após a sua reunião com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, May garante que vê nos líderes vontade “de trabalhar em conjunto para garantir que consigamos que o Reino Unido saia da UE com um acordo”.

Paralelamente ao otimismo de May, Juncker manteve-se resoluto em não “reabrir o acordo de saída” existente, “que representa um compromisso cuidadosamente equilibrado entre a União Europeia e o Reino Unido”, em que ambos os lados terão feito “concessões significativas”.

Apesar das linhas vermelhas, May afirma que os líderes europeus se mostraram disponíveis para iniciar negociações, com o objetivo de “acrescentar termos” ao acordo negociado, de modo a torná-lo mais explícito e a ser mais “ambicioso” quanto à “futura relação entre a União Europeia e o Reino Unido”.

May espera inserir “alterações legalmente vinculativas” no acordo, em particular quanto às salvaguardas a uma fronteira física entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte. 

A primeira-ministra tentará “lidar com as preocupações dos deputados” britânicos mais eurocéticos quanto às salvaguardas, que temem ser uma maneira encoberta de manter o Reino Unido submetido à política económica e comercial da UE. 

May tentará definir um período concreto para duração das salvaguardas ou um mecanismo de saída unilateral, como foi mandatada para fazer pelo Parlamento na semana passada. 

A primeira-ministra tentará também cortejar os deputados do Partido Trabalhista, o maior da oposição, com várias alíneas relativas aos “direitos dos trabalhadores”. O líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, enviou esta semana uma carta com as suas exigências para aprovar qualquer acordo. 

Corbyn quer, entre outras coisas, que os “direitos e proteções” no Reino Unido não fiquem atrás dos desfrutados na UE, e que os britânicos se mantenham alinhados com a política alfandegária europeia. Esta última medida é exatamente o contrário do pretendido pelos eurocéticos do partido de May, cujo apoio a primeira-ministra deseja também.

Apesar das contradições e das dificuldades que enfrenta, May acredita que irá “arranjar maneira” de renegociar um acordo que “tenha uma maioria no Parlamento”. Graças às negociações iniciadas ontem com a UE, a ministra garante: “Vou conseguir o Brexit e vou conseguir a tempo.” A saída do Reino Unido da UE continua marcada para 29 de março.