“A CGD funcionou muitos anos como um carro de bombeiros por vários governos”

“A CGD funcionou muitos anos como um carro de bombeiros por vários governos”


João Lopes lamenta decisões que obrigaram a reduzir postos de trabalho e balcões


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas da Caixa não tem dúvidas: “A Caixa funcionou muitos anos como um carro de bombeiros dos mais variados governos para resolver o problema da banca e não só.” É desta forma que João Lopes reage ao i sobre a autoria que foi feita ao banco público entre 2000 e 2015 que foi entretanto conhecida. “Não fiquei surpreendido porque, depois de anos e anos de a Caixa Geral de Depósitos dar lucros, de repente aparece descapitalizada e foi necessário negociar com Bruxelas, em 2016, a sua recapitalização.” 

Uma necessidade que, segundo o responsável, agora se consegue perceber. Ainda assim, exige respostas. “É evidente que tem de se explicar porque é que foi feita essa recapitalização e isso teve a ver não só com os anos da crise, e isso ajudou, naturalmente, mas também com os apoios, financiamentos e com os créditos concedidos de elevado risco que vieram agora confirmar-se”, diz ao i, lembrando que muitas decisões da administração foram tomadas mesmo estando a avaliação de risco contra essa concessão de crédito.

“Com este relatório limitamo–nos a constatar o que já suspeitávamos e sobre o que não nos foram dadas quaisquer explicações. Depois aparecem imparidades de valor elevadíssimo que têm de ser resolvidas, mas nem se sabe como é que elas apareceram”, refere. E foram resolvidas, de acordo com João Lopes, à custa da redução de postos de trabalho e do fecho de balcões.

Os números falam por si. Em 2000, o banco público contava com cerca de 12 mil trabalhadores, que neste momento rondam os sete mil. “Assistiu-se a uma quebra na ordem dos 40%”, revelou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas da Caixa. 

O cenário repetiu-se com o encerramento de balcões. No entanto, o responsável admitiu que, entre 2008 e 2010, a instituição financeira chegou a abrir balcões sendo essa decisão questionável. “Há casos de balcões que foram abertos sem se perceber bem porque é que isso aconteceu”.

Veja aqui as tabelas dos devedores