Eleições. Calendário pode beneficiar novos partidos

Eleições. Calendário pode beneficiar novos partidos


Este ano os portugueses vão três vezes às urnas e há novos partidos que pretendem entrar na corrida. Para o politólogo Costa Pinto, o calendário eleitoral de 2019 é “favorável” a estas novas forças políticas


Este ano vai ser muito preenchido no que diz respeito à política, com os portugueses a serem chamados às urnas três vezes: nas eleições europeias, nas regionais da Madeira e nas legislativas. E há novos partidos que pretendem entrar na corrida. Até ao momento, há apenas duas novidades na lista das forças políticas portuguesas: a Aliança e a Iniciativa Liberal. Mas quatro outros movimentos pretendem obter a luz verde do Tribunal Constitucional e candidatarem-se já às europeias marcadas para maio.

A crise no PSD com o aparecimento da geringonça parece ter aberto um espaço na ala direita da política portuguesa. E a verdade é que os novos partidos querem aproveitar a oportunidade e preencher esse vazio provocado pela divisão do partido de Rui Rio.

Mas o mau momento vivido pelos sociais-democratas não é o único ponto a favor do aparecimento de novos partidos à direita este ano. Segundo o cientista político António Costa Pinto, o calendário eleitoral de 2019 também é “favorável” às novas forças políticas. O especialista explica ao i que as eleições europeias já são, por si só, mais “abertas” e, por isso, mais propensas à candidatura de novos partidos. Além disso, a distância entre as europeias e as legislativas deste ano pode produzir um efeito de contágio. “Ou seja, um sucesso nas europeias pode ter um contágio para as legislativas, uma vez que são separadas apenas por três escassos meses”, acrescenta.

Costa Pinto lembra também que o próprio sistema eleitoral português facilita a criação de novos partidos. Isto porque, com um número “relativamente pequeno de votos”, é possível eleger um deputado para o parlamento, como aconteceu com o PAN. Já no caso das europeias, as coisas não são tão simples. O politólogo refere que as eleições para os eurodeputados “não são um desafio fácil”. Apesar de serem mais propensas à candidatura de novos partidos, também exigem um número de votos “significativo” para se eleger um deputado para o parlamento europeu, o que pode ser difícil de alcançar pelas novas forças políticas.

Santana entra na corrida Santana Lopes é o nome mais sonante destes novos partidos. Depois de ter perdido as eleições internas do PSD para Rui Rio, o antigo primeiro-ministro saiu do partido e criou um novo projeto político, a Aliança. Em setembro de 2018, entregou mais de 12 mil assinaturas no Tribunal Constitucional e, pouco mais de um mês depois, recebeu a luz verde para a formação do partido. O primeiro congresso está agendado para 9 e 10 de fevereiro, em Évora. A Aliança já anunciou que vai apresentar listas para as três eleições deste ano. E até já anunciou o cabeça de lista para as eleições europeias: Paulo Sande, assessor do Presidente da República para os assuntos europeus. O objetivo é eleger “três a quatro deputados”, segundo disse Sande em entrevista à Lusa.

Quanto às eleições legislativas, Santana Lopes será o número um da lista em Lisboa. No total, o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia espera que a Aliança consiga “mais de 10%” dos votos, como referiu em entrevista à RTP3.

Também a Iniciativa Liberal pretende concorrer às três eleições deste ano. Para isso, iniciou uma recolha de contributos, através do site oficial. O partido fundado em novembro de 2017 conta apresentar o cabeça de lista para as europeias “no final de fevereiro e início de março”. “Estamos a trabalhar na escolha dos candidatos”, refere ao i Rodrigo Saraiva, um dos fundadores.

No que diz respeito a resultados, o membro da comissão executiva da Iniciativa Liberal não faz previsões. “Vamos trabalhar para conseguir eleger não só nas europeias, mas também na Madeira e nas legislativas. Mas aquilo que acontecer acontecerá e nós cá estaremos para continuar nesta maratona que decidimos iniciar e que tem vindo a crescer”, justifica.

Enquanto a Aliança e a Iniciativa Liberal já se constituíram como partidos, há outros movimentos que esperam consegui-lo brevemente. É o caso do movimento Chega!, fundado pelo antigo militante do PSD André Ventura. Em declarações ao i, Ventura afirma que pretende entregar as assinaturas no Tribunal Constitucional “na próxima semana, provavelmente dia 16 ou 17 de janeiro”.

O objetivo do antigo candidato à câmara de Loures é que o Chega! já concorra às eleições europeias de maio. “Vamos apresentar-nos de acordo com aquilo em que acreditamos, na esperança que o tribunal, mesmo tendo noção que possam ser ideias de rutura, não nos dê luz vermelha, mas sim luz verde para avançarmos. Nós só queremos ir a votos”, salienta.

O movimento Democracia 21 também tenciona entregar as assinaturas no Tribunal Constitucional para se tornar num partido “agora no início do ano”. “Já temos as 7500 necessárias. Estamos só a tratar da parte mais burocrática”, explica ao i a fundadora Sofia Afonso Ferreira.

Apesar de quererem ser um partido “brevemente”, a Democracia 21 ainda está a ponderar se vai ou não candidatar-se às eleições europeias, uma vez que, “para um partido pequeno, compensa pouco concorrer por causa de uma questão de calendário”. Mas uma candidatura às legislativas está “certa”.

E há ainda mais dois movimentos que pretendem ganhar terreno em Portugal: o Volt e o Movimento 51. O primeiro começou a recolher assinaturas em julho e tem como objetivo tornar-se um partido e concorrer às europeias. Já o segundo pretende entregar as assinaturas no Tribunal Constitucional este mês, mas ainda não decidiu se vai concorrer às eleições de maio.