A soberania de Macau foi transferida para a China há 20 anos, a 20 de dezembro de 1999, mas, agora, ganhou renovado destaque nas relações luso-chinesas com a iniciativa da rota da seda em que Portugal irá cooperar.
Conhecida pela capital mundial do jogo, ultrapassando a norte-americana Las Vegas, Macau tem vivido um boom turístico sem precedentes. No Natal, entre 22 e 26 de dezembro, mais de 607 mil turistas entraram na região, um aumento de 15,23% relativamente ao ano anterior, e, na passagem de ano, mais 528 mil pessoas chegaram à região para celebrarem a entrada em mais um ano.
Macau ganhou nova importância com a iniciativa chinesa “Uma Faixa, uma Rota”, que pretende transformar a região num ponto comercial de ligação marítima com África e Europa, com especial enfoque em Portugal e o porto de Sines. Para isso, o governo macaense prepara um grande plano de infraestruturas apoiado pelo governo central, com o turismo a ter também uma palavra a dizer.
“No processo de reforma e abertura na nova era, Hong Kong e Macau continuam a ter um estatuto especial e vantagens únicas, e podem desempenhar um papel insubstituível”, disse o presidente chinês, Xi Jinping, no balanço da ação governativa do ano que acabou de findar.
Tendo em conta a importância que a capital chinesa dá à segurança e defesa da soberania, Xi não deixou de louvar o trabalho realizado pelo executivo de Chui Sai On: “O governo de Macau aperfeiçoou as instituições e mecanismos para salvaguardar a segurança nacional”.
“[Há] uma inserção muito clara de Macau na estratégia nacional da China, nomeadamente na questão [da iniciativa] ‘Uma Faixa, uma Rota’”, explicou José Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, citado pela agência Lusa, acrescentando que tal irá dar “uma orientação mais precisa de como Macau se insere e se enquadra no desenvolvimento nacional da China”.
Macau é apresentado, à semelhança de Hong Kong, como exemplo de sucesso da política “um país, dois sistemas”. A região é obrigada a implementar as políticas chinesas de Defesa e Relações Externas, mas as restantes são da competência do governo local. No entender de Pequim, as duas regiões administrativas especiais gozam de “um alto grau de autonomia”.
O governo de Macau pretende transformar o território numa cidade inteligente para melhor controlar o tráfego de veículos e pessoas. “Macau é uma cidade turística e, por isso, o turismo inteligente é muito importante para a cidade”, explicou Maria Helena de Senna Fernandes, responsável pelo projeto na área do turismo. Entre os projetos encontram-se o de “desviar turistas de locais congestionados para outros locais turísticos”, facilitando o tráfego no território.