Os fãs de uma das mais populares séries da Netflix ficaram a saber, esta semana, que vão ter de esperar um bom bocado até voltarem a entrar no Mundo ao Contrário. A Eleven, o Will, o Mike, o Lucas, o Dustin, a Nancy e o Jonathan só regressam no próximo verão, para mais uma viagem alucinante ao mundo de “Stranger Things”.
Mas para quem não aguentar esperar até lá, pode sempre fazer uma visita ao Stranger Christmas, no Cais do Sodré, em Lisboa: uma pop-up experience gratuita, inspirada na série, que estará aberta ao público este fim de semana (14 a 16 de dezembro) das 10 às 20h, no n.o 62 da Rua de São Paulo.
Por alguns momentos é possível fingir que somos um dos miúdos a passear, montados no bem mais precioso que temos: a nossa bicicleta, que no caso da Max (segunda temporada) é um skate. Ali, também é fácil encarnar a super Nancy, acompanhada pelo sempre leal Jonathan, a deixar uma mensagem de condolências a Barb. E os que tiverem saudades podem colocar os seus óculos, fechar os olhos e imaginar que não serão uma vítima do Demogorgon.
Já os mais aventureiros podem arriscar levar um susto no jogo de realidade virtual que simula a casa da Joyce, ou espreitar como o Will, pela porta de acesso ao Mundo ao Contrário, e vislumbrar o Mind Flayer, que ali se esconde na segunda temporada.
“Stranger Christmas” também não esquece os românticos, para quem está guardada a surpresa de dançar como o Mike e a Eleven no baile da escola de Hawkins, quem sabe ao som de Sting, como acontece na série.
Por fim, o último dos seis cenários é a mítica parede de casa da família do Will, onde a sua persistente mãe descobriu uma forma de comunicar com o filho quando este está no Mundo ao Contrário. Aqui, os visitantes vão poder escrever uma palavra com luzes a piscar – resta saber se a sempre atenta Joyce vai vê–la.
E como estamos no Natal, não poderia faltar o tradicional pinheiro, ainda que aquele tenha muito pouco de tradicional – que o diga a cabeça do Demogorgon que serve de enfeite.
A pop-up experience chega a Lisboa na mesma semana em que a Netflix divulgou um teaser sobre a terceira temporada, no qual são revelados os títulos dos oito episódios, que só devem chegar à plataforma em julho de 2019.
O sucesso do revivalismo A série é um dos maiores sucessos originais da plataforma de streaming. Um estudo do instituto Parrot Analytics, divulgado na “Entertainment Weekly”, revela que a história foi vista pelo menos 31 milhões de vezes só nos Estados Unidos. É difícil imaginar que “Stranger Things” não fosse alvo de uma verdadeira disputa entre canais de televisão, mas a verdade é que a série criada pelos irmãos Duffer foi rejeitada pelo menos 15 vezes até que a Netflix decidiu comprar a primeira temporada, disponibilizada em julho de 2016. Esses canais, que estarão hoje mais do que arrependidos por terem recusado a série, terão subestimado a tendência atual do revivalismo no entretenimento.
O sucesso da série pode ser explicado pela relação íntima que estabelece com o público, composto por adolescentes, mas também por muitos adultos que adoram relembrar os brinquedos, as músicas dos anos 80 e, claro, aquelas peças de roupa cuja prova fotográfica é guardada na gaveta escondida dos tesourinhos deprimentes.
Os próprios criadores da série, gémeos nascidos em 1984, foram influenciados por nomes como Steven Spielberg, John Carpenter e Stephen King, e as referências às suas obras são constantes na série.
O nível de pormenor dos irmãos Duffer vai ao ponto de terem sido escolhidos atores icónicos dos anos 80, como Sean Astin, que faz de Bob – o namorado de Joyce -, e Paul Reiser, que é o Dr. Sam Owens, o médico de Will, ou mesmo Winona Ryder, que já não será tanto dos anos 80, mas que era considerada uma das mulheres mais bonitas por quem nasceu nessa época do século passado.
Também os miúdos foram escolhidos a dedo e iniciaram com a série a sua carreira na representação. Desconhecidos até então, os mais novos de “Stranger Things” são hoje mais famosos e reconhecidos do que muitos atores com longas carreiras. Aliás, Millie Bobby Brown, a Eleven da série, foi considerada este ano uma das pessoas mais influentes do mundo. Foi a mais jovem a entrar na lista da “Forbes”, aos 14 anos, e com a mesma idade tornou-se também a mais jovem embaixadora de sempre da UNICEF.
Todos estes fatores ajudam a fazer da série um fenómeno mundial que em Lisboa tem direito a um Natal próprio no Cais do Sodré. Mas cuidado… “Stranger Things” podem acontecer.