Sarampo. “Temos de nos habituar a esta nova realidade”, diz Graça Freitas

Sarampo. “Temos de nos habituar a esta nova realidade”, diz Graça Freitas


Número de casos registados este ano aumentou significativamente. Diretora-geral da Saúde diz que “aumento é expectável”


O número de casos de sarampo detetados este ano é cinco vezes maior do que os registados em 2017. De acordo com os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), no ano passado, foram confirmados em laboratório 29 casos de sarampo em Portugal. Este ano, até dia 10 de dezembro, o número fixava-se nos 158 casos – dos quais 112 foram confirmados nos primeiros meses deste ano, um surto que teve origem no Hospital de Santo António, no Porto.

Ao i, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, disse que “este aumento é expectável”.

Em 2016 o sarampo chegou a ser declarado erradicado em Portugal, mas nos últimos dois anos o cenário mudou. “Temos que nos habituar a esta nova realidade. A Europa durante muitos anos teve o sarampo controlado e a probabilidade de importarmos casos era baixíssima. Durante anos não tivemos casos de sarampo em Portugal”, afirmou a responsável, acrescentando que “a partir do momento em que a Europa tem surtos e epidemias” o mais provável é que cheguem casos a Portugal.

Este aumento tem provocado alguma preocupação na DGS, que no ano passado viu acontecer a primeira morte, devido ao sarampo, dos últimos 30 anos. O facto de o sarampo ser altamente contagioso e de poder evoluir para doenças mais graves – como uma pneumonia ou uma encefalite – é o que mais preocupa. Esta “é uma doença que pode complicar e as complicações podem ser fatais, é este percurso da doença que preocupa”, elucidou.

Contudo, explicou que os médicos estão atentos a estas situações e que as autoridades de saúde fazem a vigilância necessária para que as pessoas infetadas sejam identificadas e recebam tratamento o mais depressa possível.

Recomendações para os pais Na terça-feira, a Direção Geral da Saúde (DGS) fez um novo balanço sobre o número de casos de sarampo confirmados em novembro em Lisboa: foram confirmados 29 casos na região da capital, dos quais cinco são crianças. A responsável deixou algumas recomendações aos pais que tenham crianças com menos de um ano – que não podem ser vacinadas antes dos 12 meses – para as protegerem.

“A principal recomendação é que preparem a vinda da criança e, como as mães também não se podem vacinar durante a gravidez que não só a mãe (…) atualize o seu esquema vacinal como toda a família, que a envolvente desta criança esteja vacinada”, explicou. Quando a criança fizer um ano de idade esta deve ser imediatamente vacinada, frisou a responsável.

Caso a criança comece a manifestar sintomas de febre e erupções cutâneas – seja sarampo ou não – deve ser isolada dos outros familiares. Antes de ir ao hospital os pais devem ligar para o SNS 24 ou para o médico para que, quando se dirigirem ao hospital, os profissionais saberem que pode haver ali um caso de sarampo, explicou a responsável. Se for sarampo a criança terá de ficar isolada e sob vigilância clínica, completou.

“Outra situação diferente é: a criança não tem nenhum sintoma”, mas os pais descobrem que o seu filho esteve em contacto com o caso de sarampo. “Terá que se ver exatamente que tipo de exposição é que esta criança teve ao caso de sarampo e depois, se tiver menos de seis meses, fazer imunização passiva com hemoglobina, se tiver seis ou mais meses já pode fazer uma dose vacina e ficar em vigilância”, adiantou, acrescentando que quando esta criança fizer os 12 meses tem de voltar a ser vacinada.

“Deixamos o apelo para a vacinação. É essencial. Se nós não quisermos ter outra vez o vírus a circular, as pessoas devem vacinar-se sempre. Temos a obrigação para connosco e para com a sociedade de nos vacinarmos e se estivermos suficientemente vacinados estamos a dar segurança a nós e aos outros”, rematou Graça Freitas.