António Zambujo
Ao contrário das lógicas imediatas que cada vez mais ditam o mercado, António Zambujo teve de esperar pela sua oportunidade. Só ao “Quinto” disco – assim se chamava o primeiro álbum carimbado por uma multinacional -, fez corresponder o respeito conquistado no Brasil com o grande público português. E a partir daí foi sempre a somar com “Rua da Emenda” (2014), “Até Pensei que Fosse Minha” (2016), uma homenagem não reverente a Chico Buarque, e a inédita maratona de coliseus com Miguel Araújo. “Do Avesso” é menos alentejano e característico, embora mais clássico na linha de Brian Wilson e de Tom Waits. E um dos mais fortes candidatos ao jackpot natalício. O grupo de Whatsapp de Zambujo e banda chama-se Tripla Platina.
Carminho
Uma notícia de última hora este “Maria”, anunciado com grande secretismo pela Warner, poucas semanas antes de ver a luz do dia. E as manchetes continuam. À medida que o fado se vai aproximando de linguagens universais, em paralelo entre o estúdio e o palco, os fadistas assumem cada vez mais o que são, escrevendo para as suas vozes predestinadas. Além de ser uma das produtoras executivas, Carminho é autora de seis canções entre música e letra. Toca guitarra elétrica em “Estrela” e, claro, interpreta como ninguém. Joana Espadinha, uma emigrante da pop, compôs o single “O Menino e a Cidade” e “As Rosas”. “Maria” deixa as saias da mãe esta sexta, um ano depois de ter cantado Jobim com uma orquestra em palco.
Michael Bublé
Românticos deste mundo: uni-vos pelo “Love” de Michael Bublé. O novo álbum do cantor canadiano não podia ser mais explícito na mensagem, nem mais direto na escolha de repertório. “I Only Have Eyes For You”, “La Vie en Rose”, “My Funny Valentine”, “Unforgettable” e “When You’re Smiling” são clássicos eternos e tão interpretados que já pertencem a toda a gente. Em “Love”, é Bublé quem se apodera destas e de outras canções intemporais. E nem a ameaça de se retirar, devido à doença do filho, abalou a paz de espírito natalícia da interpretação. De resto, o alarme foi falso. Em setembro, voltará à Altice Arena para nova volta ao mundo. Por onde passa, as salas enchem. Em Portugal, os bilhetes esgotaram em 24 horas. Ato contínuo: serão duas noites.
Beatles
Clássicos serão sempre clássicos e vice-versa, já dizia um outro artista. Em 1968, o “White Album” foi o princípio do fim para os Beatles mas foi também um marco numa época de profunda libertação social e político. No espaço de um mês, sairam “Electric Ladyland” de Jimi Hendrix e “Beggars Banquet” dos Rolling Stones – todos reeditados para o 50º aniversário. A reedição de uma das obras supremas dos Beatles é a mais extensa com a revelação de sessões inéditas e som retrabalhado por Giles Martin, filho do quinto Beatle George Martin, o eterno engenheiro de som. É um álbum branco com as propriedades necessárias para ser uma folha em branco de apresentação à música.
Matias Damásio
Há quem defenda que, tão ou mais importante do que a música, é necessário conquistar notoriedade para chegar ao público. Ser famoso para trabalhar antes de trabalhar para ser famoso. Pois bem, se há declaração sonante nos últimos tempos pertence a Matias Damásio no programa “Alta Definição” da “SIC” quando confessou ter sido abusado sexualmente por uma mulher adulta aos 12 anos. “A primeira vez aceitei por comida, as outras vezes aceitei por chantagem”, assumiu. O novo álbum “Augusta” é uma homenagem a uma mulher mas à avó desse nome. A mulher da vida de Matias Damásio, confessou o romântico baladeiro de Angola, que este fim de semana levou Mariza e Vanesa Martin ao Altice Arena.
Muse
O rock pode já não fazer fogueiras, nem mudar gerações mas continua a encher estádios e a mover multidões a festivais. E se há banda que o faz a grande escala são os Muse, os herdeiros dos Queen. Matthew Bellamy pode não ter a amplitude de Freddie Mercury mas faz da guitarra uma segunda voz, aliada uma secção rítmica poderosa e coesa. Nos últimos álbuns, os Muse compensaram a falta de êxitos com a adição de pirotecnia. Em disco, adotaram a tecnologia como um bem essencial. As digressões passaram a apostar no futurismo que “Simulation Theory” subscreve. A 24 de julho, dão um concerto no Passeio Marítimo de Algés.
Pedro Abrunhosa
São cinco anos desde que Pedro Abrunhosa correu para os braços da mãe – a imagem de uma emigração forçada para fugir à precariedade de uma geração. Uma mão cheia de anos – meia década – sem um álbum novo da maior (única) estrela pop dos anos 90 em Portugal. “Espiritual” mantém a tradição de Abrunhosa batizar os discos com uma palavra-chave e faz-se rodear de convidados com cartel internacional. A modelo italiana e ex-primeira dama francesa Carla Bruni, a americana Lucinda Williams, a mexicana Lila Downs, e o histórico Ney Matogrosso. Da seleção nacional, vêm Ana Moura e a novel cantora de jazz Elisa Rodrigues.
Tony Carreira
As acusações de plágio já eram antigas mas subiram de tom e testaram a neutralidade de Tony Carreira ao limite. As reações estão neste “As Canções das Nossas Vidas”, o álbum de comemoração de trinta anos de carreira, que serve de pretexto a uma pausa por tempo indeterminado. Este fim de semana, o cantor romântico despediu-se dos concertos sine die com os três filhos a subir ao palco da Altice Arena para um momento inédito. Até novas indicações, o clã Carreira será representado por Mickael, David e Sara. Até quando Tony quiser voltar a encher autocarros de fãs de Bragança a Lisboa, Vila Real de Santo António e ilhas.