Milionária irlandesa deixa 30 milhões de euros a cinco ONG

Milionária irlandesa deixa 30 milhões de euros a cinco ONG


Elizabeth O’Kelly era conhecida por ser “muito simples, muito humilde” e nunca ostentar a riqueza que detinha


Era milionária e nunca exibiu a sua riqueza, fazendo doações aqui e ali, diz quem a conheceu. Dois anos depois da sua morte, aos 92 anos, o testamento de Elizabeth O’Kelly volta a afirmar a imagem que muitas pessoas tinham dela ao doar 30 milhões de euros a cinco ONG, com cada uma a receber seis milhões – associações que se dedicam ao tratamento do cancro, problemas de coração e rins e autismo. Na década de 80, O’Kelly conseguiu sobreviver a um cancro.

O’Kelly nasceu na cidade francesa de Tours, mas dois anos depois ficou órfã, tendo emigrado para a Irlanda, onde foi acolhida por uma tia. Teve uma vida pacata e casou-se com o veterinário militar e empresário britânico John William O’Kelly em 1945. Tinha então 21 anos. Mudou-se de malas e bagagens com o seu marido para Ballygoran, em Maynooth, mas este faleceu a 3 de março de 1962. Elizabeth decidiu manter-se na casa do casal e lá permaneceu até falecer, em 2016. E nunca mais se casou. 

Com o capital acumulado do marido, O’Kelly investiu no grupo de comunicação Leinster Leader, responsável pela publicação de vários jornais regionais. Tornou-se proprietária de 22% do grupo e começou a investir no ramo imobiliário. Em 2005, o grupo foi vendido por 138,5 milhões de euros, com O’Kelly a receber 30 milhões de dividendos. Além disso, continuou a receber dividendos dos seus empreendimentos imobiliários.

A sua primeira doação foi precisamente para os antigos trabalhadores do grupo de comunicação, enviando a cada um três mil euros, dentro de um envelope, no Natal de 2005. Se o valor fosse superior, os funcionários teriam de o declarar às finanças e pagariam impostos. Confrontada por um jornal regional sobre a doação, O’Kelly recusou ter algo a ver com ela: “Imagino que várias pessoas a possam ter feito, mas é anónimo, então é assim. Não lhe posso dar mais informações.” 

A partir daí, as doações começaram a ser cada vez mais comuns, com a milionária a desejar doar todo o dinheiro que tinha recebido. “Ela via o dinheiro quase como se não fosse dela para gastar. Estava confortavelmente bem e o dinheiro chegara até ela por circunstâncias fortuitas”, disse uma fonte próxima de O’Kelly ao “Irish Times”. A primeira mulher do marido, Mary, tinha falecido e John não tinha filhos. Elizabeth também não chegou a tê-los com John e, portanto, estava sozinha, o que poderá ter sido uma das razões para doar todo o dinheiro que tinha recebido em herança.

Uma das suas doações foi para se pintar a igreja católica em Stradbally, no condado de Laois, Irlanda. Doou 12 mil euros e insistiu com o padre local para que não o revelasse. “Era uma pessoa muito simples, muito humilde. Nunca se apresentava como milionária ou algo do género”, disse o padre Seán Kelly ao mesmo jornal. “Era muito agradável e muito cristã na sua atitude para com a vida e as pessoas. Diria que qualquer pessoa que não a conhecesse ficaria surpresa ao saber que era rica.”