Mais de 120 mil comprimidos e cápsulas apreendidos em dez anos

Mais de 120 mil comprimidos e cápsulas apreendidos em dez anos


Desde há dez anos que a operação internacional Pangea impede a entrada de medicamentos contrafeitos em Portugal, encomendados a partir de redes sociais e de sites ilegais


Apesar dos alertas, os portugueses continuam a arriscar e a encomendar medicamentos em sites ilegais. Nos últimos dez anos foram apreendidas nas alfândegas dos aeroportos de Lisboa e do Porto, ou na central de encomendas expresso dos CTT, 120.276 unidades de medicamentos (comprimidos e cápsulas) encomendados em redes sociais ou em sites ilegais, e que traduziam um valor de cerca de 400 mil euros. Os medicamentos apreendidos são destruídos ou devolvidos ao remetente.

Este é o balanço da operação anual e internacional Pangea, coordenada pela Interpol, à qual o Infarmed e a Autoridade Tributária e Aduaneira se juntaram em 2008 para combater o tráfico de medicamentos falsos.

O levantamento é realizado pelo i com base nos comunicados anuais da operação Pangea. Mas note-se que estes são os números de medicamentos detetados durante a Pangea, através da qual os medicamentos que chegam às alfândegas são escrutinados entre quatro a sete dias de cada ano. Por isso, os medicamentos comprados pelos portugueses em sites ilegais é bastante superior.

Anti-inflamatórios e comprimidos para a dor entre os mais encomendados

De acordo com a informação que tem sido divulgada pelo Infarmed, a autoridade do medicamento em Portugal, os medicamentos anti-inflamatórios, para a dor, para a disfunção erétil ou para emagrecer dominam a lista dos mais apreendidos, sendo muitos deles contrafeitos.

Entre os países de origem dos medicamentos destacam-se os EUA, que a autoridade do medicamento justifica com o facto de os consumidores considerarem que os sites são de maior confiança. No que diz respeito aos comprimidos para a disfunção erétil, a maioria chega da Índia e de Singapura. Já os produtos para emagrecer vêm sobretudo do Brasil, India e China. 

Este ano, o número de medicamentos e de encomendas apreendidas subiu face ao ano passado. Durante a operação que decorreu entre 9 e 16 de outubro foram fiscalizadas nas alfândegas dos aeroportos de Lisboa e Porto ou na central das encomendas postais e área de carga expresso um total de 3.881 encomendas que iriam entrar em Portugal e das quais 130 ficaram retidas. As encomendas intercetadas traziam 8.886 unidades de medicamento com um custo de 23 mil euros.

No ano passado, na mesma operação, que decorreu entre 12 e 19 de setembro, foram controladas 7.363 encomendas, das quais 79 ficaram retidas, impedindo a entrada de 6.686 comprimidos e cápsulas, num valor de 11.337 euros.

O Infarmed lamenta que os “portugueses continuam a correr riscos e a comprometer gravemente a sua saúde ao adquirirem medicamentos pela internet em websites não autorizados”. 

Este ano a operação Pangea XI contou com a colaboração de 116 países de vários continentes tendo sido apreendidas mais de 10 milhões de unidades de medicamentos falsos (mais de 500 toneladas) – sobretudo contra o cancro e analgésicos contrafeitos -, “potencialmente letais” e com um valor superior a 12 milhões de euros. O comunicado da Interpol refere ainda que desta ação “resultaram 838 investigações, tendo sido interrompida a atividade de 33 grupos de crime organizado”.

Foram ainda monitorizados 16.218 links na internet, tendo sido desligados 3.671. Destes, 2.688 eram sites e os restantes 983 eram páginas de redes sociais com promoção de produtos farmacêuticos ilícitos. Estão em processo de encerramento outros 1.319 links.

Como saber se um site é fidedigno

Desde 2015 que as páginas na internet de farmácias e locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica (LVMNSRM) da UE estão obrigadas a apresentar um logótipo comum, que permite confirmar se os sites se encontram devidamente licenciados. O logótipo tem a bandeira do país e um link para o website da autoridade competente do Estado-Membro. Em Portugal é o Infarmed, onde se encontra registado o website.