Entre irmãos


A minha irmã casa este fim de semana e falar da família é sempre um tema difícil por ser tão pessoal e, ao mesmo tempo, tão emocional para aqueles que têm a sorte de ter uma como a minha ou mesmo os que, não tendo, tentam proporcionar aos seus o que gostariam de ter tido.…


A minha irmã casa este fim de semana e falar da família é sempre um tema difícil por ser tão pessoal e, ao mesmo tempo, tão emocional para aqueles que têm a sorte de ter uma como a minha ou mesmo os que, não tendo, tentam proporcionar aos seus o que gostariam de ter tido. É por isso que escrevo de uma forma mais generalista sobre o significado de ser irmão. Penso que talvez seja um dos temas mais enigmáticos que me têm acompanhado toda a vida, dos que mais me deram volta à cabeça e de maior dificuldade em compreender.

Nunca fomos daqueles siameses em que um apanha uma constipação em Casablanca e o outro espirra em Saigão. Sempre tivemos, aliás, um mundo de diferenças entre nós. Nos gostos, na personalidade, na forma de ver a vida e no posicionamento perante ela. Nunca fui daquelas pessoas que acham que temos de gostar e de nos darmos bem com os nossos irmãos só porque sim, embora sinta que, se essa “obrigação” nos tende a fazer um esforço de relacionamento, de proteção e de capacidade de entendimento, vale bem a pena. Diria que essa ligação que nos une me ensinou a compreender melhor os outros, a tentar colocar-me na cabeça deles para os entender e perceber que, muitas vezes, aquilo que para nós é bom, para o outro pode não ser nada de especial e vice-versa. De que não se trata de vermos pelos nossos olhos o que é certo ou errado, mas tentarmos ver o que será mais certo ou mais errado aos olhos deles.

Acho que foi aí que mais errei e mais aprendi neste percurso. Sempre tentei fazer as coisas pelos meus olhos, tentar agradar-lhe e corresponder--lhe sobre coisas que para mim têm significado, e para ela tão pouco. Por outro lado, não liguei assim tanto ao que tinha verdadeiro significado para ela e que a mim não me dizia nada. É neste complexo emaranhado daquilo que são as teias dos relacionamentos na nossa vida que está a verdadeira beleza e um dos maiores mistérios. E se não falarmos uns com os outros e não explicarmos que não é por não sentirmos nem por não querermos que, por vezes, não chegamos lá, ficará sempre uma sensação de vazio e de tristeza por parecer que falta sempre aquela peça, quando ela sempre esteve ali, prontinha para completar o puzzle.

É essa, no entanto, a riqueza de ser irmão: quando somos pequenos obrigam-nos a gostarmos e depois entranha-se. É por isso que, mesmo estando menos tempo com a minha irmã quanto desejaria, mesmo que não sejamos iguais nem tão-pouco parecidos e que tantas vezes durante o nosso crescimento não nos tenhamos compreendido, nos adoramos tanto um ao outro. E mesmo que estejamos em partes diferentes do planeta, ainda que tudo falhe, ela será sempre especial para mim, estará sempre na linha da frente e será sempre a prioridade na hora de escolher. E eu sei hoje que atravessaria esse meio mundo se ela precisasse, só para estar a seu lado. Quando vemos a nossa irmã mais nova casar, não sabemos muito bem como reagir. Mas quando a vemos feliz como está ficamos certos de que tudo vai correr bem. É emoção que não se explica, sente–se. Às vezes não é demonstrado como queríamos, um irmão mais velho tem sempre aquela capa de mauzão protetor e, depois de um determinado tempo, quando se quer desfazer dela, já não consegue. Mas sente-se. Só eu sei o quanto estou feliz por ela e sei que ela sabe disso.

 

P.S. Joana, se fores feliz metade do que mereces já terás felicidade para o resto dos teus dias e eu desejo-te o dobro, por isso imagina… Mesmo no meu cantinho estarei sempre aqui para ti. Adoro-te.

“You are my sister, and I love you, may all of your dreams come true…” Anthony and The Johnsons

Entre irmãos


A minha irmã casa este fim de semana e falar da família é sempre um tema difícil por ser tão pessoal e, ao mesmo tempo, tão emocional para aqueles que têm a sorte de ter uma como a minha ou mesmo os que, não tendo, tentam proporcionar aos seus o que gostariam de ter tido.…


A minha irmã casa este fim de semana e falar da família é sempre um tema difícil por ser tão pessoal e, ao mesmo tempo, tão emocional para aqueles que têm a sorte de ter uma como a minha ou mesmo os que, não tendo, tentam proporcionar aos seus o que gostariam de ter tido. É por isso que escrevo de uma forma mais generalista sobre o significado de ser irmão. Penso que talvez seja um dos temas mais enigmáticos que me têm acompanhado toda a vida, dos que mais me deram volta à cabeça e de maior dificuldade em compreender.

Nunca fomos daqueles siameses em que um apanha uma constipação em Casablanca e o outro espirra em Saigão. Sempre tivemos, aliás, um mundo de diferenças entre nós. Nos gostos, na personalidade, na forma de ver a vida e no posicionamento perante ela. Nunca fui daquelas pessoas que acham que temos de gostar e de nos darmos bem com os nossos irmãos só porque sim, embora sinta que, se essa “obrigação” nos tende a fazer um esforço de relacionamento, de proteção e de capacidade de entendimento, vale bem a pena. Diria que essa ligação que nos une me ensinou a compreender melhor os outros, a tentar colocar-me na cabeça deles para os entender e perceber que, muitas vezes, aquilo que para nós é bom, para o outro pode não ser nada de especial e vice-versa. De que não se trata de vermos pelos nossos olhos o que é certo ou errado, mas tentarmos ver o que será mais certo ou mais errado aos olhos deles.

Acho que foi aí que mais errei e mais aprendi neste percurso. Sempre tentei fazer as coisas pelos meus olhos, tentar agradar-lhe e corresponder--lhe sobre coisas que para mim têm significado, e para ela tão pouco. Por outro lado, não liguei assim tanto ao que tinha verdadeiro significado para ela e que a mim não me dizia nada. É neste complexo emaranhado daquilo que são as teias dos relacionamentos na nossa vida que está a verdadeira beleza e um dos maiores mistérios. E se não falarmos uns com os outros e não explicarmos que não é por não sentirmos nem por não querermos que, por vezes, não chegamos lá, ficará sempre uma sensação de vazio e de tristeza por parecer que falta sempre aquela peça, quando ela sempre esteve ali, prontinha para completar o puzzle.

É essa, no entanto, a riqueza de ser irmão: quando somos pequenos obrigam-nos a gostarmos e depois entranha-se. É por isso que, mesmo estando menos tempo com a minha irmã quanto desejaria, mesmo que não sejamos iguais nem tão-pouco parecidos e que tantas vezes durante o nosso crescimento não nos tenhamos compreendido, nos adoramos tanto um ao outro. E mesmo que estejamos em partes diferentes do planeta, ainda que tudo falhe, ela será sempre especial para mim, estará sempre na linha da frente e será sempre a prioridade na hora de escolher. E eu sei hoje que atravessaria esse meio mundo se ela precisasse, só para estar a seu lado. Quando vemos a nossa irmã mais nova casar, não sabemos muito bem como reagir. Mas quando a vemos feliz como está ficamos certos de que tudo vai correr bem. É emoção que não se explica, sente–se. Às vezes não é demonstrado como queríamos, um irmão mais velho tem sempre aquela capa de mauzão protetor e, depois de um determinado tempo, quando se quer desfazer dela, já não consegue. Mas sente-se. Só eu sei o quanto estou feliz por ela e sei que ela sabe disso.

 

P.S. Joana, se fores feliz metade do que mereces já terás felicidade para o resto dos teus dias e eu desejo-te o dobro, por isso imagina… Mesmo no meu cantinho estarei sempre aqui para ti. Adoro-te.

“You are my sister, and I love you, may all of your dreams come true…” Anthony and The Johnsons