A Aliança de Santana Lopes é, a partir de hoje, o 23º partido português. O ex-candidato à liderança do PSD vai entregar, esta tarde, as assinaturas obrigatórias por lei no Tribunal Constitucional (TC), acompanhado por um grupo de subscritores e de apoiantes.
Ontem, ao final da tarde, ainda se faziam contas no quartel-general da Aliança, situado na Rua Castilho, em Lisboa, onde funciona o escritório de advocacia de Santana Lopes e onde têm decorrido boa parte das reuniões e dos preparativos. Eram precisas 7500 assinaturas para a fundação do projeto, mas Carlos Pinto, antigo deputado do PSD e um dos membros do Aliança, garante que o número mínimo “foi ultrapassado largamente”. “Só durante o dia de hoje [ontem] recebemos mais de 600”, adiantou ao i. Tratadas as burocracias, e depois de entregue toda a documentação no TC, Santana Lopes planeia lançar-se num “roadshow” por todo o país. O roteiro ainda está a ser estudado e fechado, mas o objetivo da digressão é claro. “Encontrar o mundo que subscreveu o partido, levar a mensagem política e ouvir as pessoas de todo o país”, explica Carlos Pinto.
Uma das características da Aliança será, aliás, a “proximidade” com as bases. De tal forma que os vários órgãos manterão “contactos diretos e regulares com os militantes e os simpatizantes”. Haverá uma direção política nacional, sob a presidência de Santana Lopes, um senado e um congresso. E, para facilitar o “encontro” com os militantes – que, segundo Carlos Pinto, são “de todos os distritos de Portugal Continental, das ilhas e da diáspora” –, a grande aposta da Aliança será na comunicação através das novas tecnologias.
“Nunca tivemos tantas ferramentas de comunicação ao dispor como atualmente e é preciso tirar partido delas”, justifica o ex-social-democrata. Carlos Pinto explica ainda que as reuniões dos órgãos do partido com os militantes de base serão “tão frequentes que acabarão por não ser notícia”. “Vão ser a regra e não a exceção”, acrescenta.
partido ‘low cost’ O partido de Santana Lopes quer inovar noutras frentes. A estrutura será desburocratizada, financiada por crowdfunding (angariação de fundos através de financiamento colaborativo) e low-cost. “Há a preocupação em criar uma estrutura enxuta, sustentável e simples”, descreve Carlos Pinto.
Outra das grandes apostas passará pela formação das camadas mais jovens. A pensar nos militantes mais novos, a Aliança vai ter uma Academia Política – que, ao contrário de iniciativas do género de outros partidos, não existirá só em determinados períodos do ano. “A formação política e a atenção à juventude é uma preocupação e, por isso, a academia funcionará durante todo o ano”, revela Carlos Pinto – que, à semelhança de Santana Lopes, também deixou o PSD recentemente, e que em meados de agosto divulgou uma carta – publicada no semanário “SOL” com o nome “A saída de Pedro”– em que deu razão ao ex-Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. “O que precisa ser feito no PSD já não encontra a esperança de mudança de vida”, escreveu, na altura, Carlos Pinto.
Santana Lopes anunciou em junho a saída do PSD, partido onde militou durante 40 anos, depois de em janeiro ter sido candidato à liderança do partido. A criação do novo partido só seria anunciada no início de agosto.