Suécia. Ladrões roubam coroas de catedral  e fogem de barco

Suécia. Ladrões roubam coroas de catedral e fogem de barco


As autoridades suecas ainda não descobriram o seu paradeiro nem identificaram quaisquer suspeitos. O roubo tem o mesmo modus operandi de um outro em Itália


Num assalto que bem poderia ser o enredo de um filme de Hollywood, dois ladrões conseguiram contornar as medidas de segurança e roubar duas coroas e uma orbe (joia que representa um globo terrestre encimado por uma cruz) da Catedral de Strängnäs, nas proximidades do lago Malaren e a poucos quilómetros de Estocolmo, Suécia. As autoridades encetaram uma investigação e procuram os suspeitos, mas parecem ter poucas pistas.

Tudo aconteceu ao meio-dia desta terça-feira. Misturando-se entre os visitantes da catedral, os dois homens aproximaram-se da vitrina onde as joias estavam, partiram o vidro e fugiram com elas. Com o alarme a soar, os ladrões correram por entre os visitantes curiosos até duas bicicletas que se encontravam à porta do monumento. Pedalando desenfreadamente, conseguiram alcançar as margens do lago, onde um pequeno barco a motor os esperava. E desapareceram sem deixar rasto.

A polícia sueca ainda destacou um helicóptero e vários barcos para os encontrar, mas sem sucesso. “Os dois homens saltaram apressadamente para o barco, que depois acelerou”, contou Tom Rowell, uma testemunha, à Associated Press. “Percebi imediatamente que eram ladrões pela forma como se comportaram”, acrescentou.

As joias, que ainda hoje são o orgulho da realeza sueca, remontam ao início do século xvii e foram usadas pelo rei Carlos ix – que governou entre 1604 e 1611 – e pela rainha Cristina nos seus funerais. Com a morte do seu marido em 1611, a rainha Cristina ainda governou, no papel de regente, por dois anos até o seu filho, Gustavo, alcançar a maioridade, sendo coroado rei como Gustavo ii Adolfo. As joias foram enterradas com o rei e a rainha, que morreu em 1625, tendo, séculos mais tarde, sido retiradas das campas para serem mostradas.

“Não é possível definir um valor para as joias. São inestimáveis e de interesse nacional”, disse o porta-voz da polícia sueca, Thomas Agnevik, aos jornalistas. Ainda que as autoridades não tenham pistas sobre o paradeiro dos ladrões, Agnevik mostrou-se confiante de que a polícia sueca será capaz de encontrar as joias. “Temos grandes esperanças de as recuperar”, garantiu o porta-voz. “O que normalmente acontece com este tipo de objetos roubados é serem recuperados mais cedo ou mais tarde por haver muito poucas pessoas capazes de lidar com eles”, explicou.

Os roubos de objetos de grande valor e únicos são complicados não apenas pelo roubo em si, que obriga, por vezes, a grandes peripécias para se ultrapassar as fortes medidas de segurança, mas também pelo processo de venda. Para que os assaltantes consigam desfazer-se dos objetos roubados têm de ter acesso, via contacto de terceiros ou direto, ao setor da arte e joalharia, neste caso, ao mercado negro. As joias são facilmente identificáveis e estão longe de estar ao alcance de qualquer pessoa em termos de poder de compra. Não poucas vezes, os criminosos são obrigados a guardar o que roubaram por vários meses até as autoridades diminuírem o empenho nas investigações, impossibilitando o retorno monetário imediato do crime. Uma das formas de os ladrões obterem dividendos imediatos dos bens roubados passa por destruir as peças, derretendo os metais e vendendo as pedras preciosas em separado. Outras vezes, os ladrões avançam com um assalto com base numa encomenda prévia de um comprador.

O modus operandi dos autores deste roubo assemelha-se ao de um outro roubo de joias no Palácio Ducal, em Veneza, Itália, em janeiro. As peças roubadas faziam parte de uma exposição de tesouros indianos pertencentes a um dos membros da família real do Qatar e estavam a ser exibidas ao público. Os dois ladrões misturaram-se entre os visitantes, desativaram o alarme e retiraram algumas das joias das vitrinas – cujo valor é calculado em vários milhões de euros. Depois limitaram-se a sair com toda a calma do palácio. A segurança apenas se deu conta do roubo sete horas mais tarde.

Não é a primeira vez que peças da realeza sueca são roubadas mesmo debaixo do nariz das autoridades. Em 2012, um amigo próximo da família real, de 19 anos, conseguiu roubar joias no valor de 102 mil euros de um apartamento da princesa Cristina, irmã do rei Carlos xvi Gustavo. Nos dias a seguir ao roubo vendeu a maioria das peças a dois traficantes de marijuana. Para se livrar dos restantes objetos roubados e apagar as provas do crime, o jovem de 19 anos atirou os bens roubados para o rio. Com a consciência pesada e confrontado pelo marido da princesa, o jovem confessou o roubo.