O drama das mulheres bonitas


A FIFA proibiu as televisões que cobriam o Mundialde focarem mulheres atraentes. Quem define, e como, “mulher atraente”?


“Enquanto o meu corpo for belo,

É pecado ser piedosa.

É sabido que Deus gosta

das mulheres,

E das bonitas, sobretudo.”

Nietzsche

 

Arrisco hoje ser crucificado pelos detentores e detentoras da verdade do politicamente correto, uma nova ditadura que nos vai governando e contra a qual é imperioso que nos revoltemos.

Pertenço à maioria silenciosa dos heterossexuais.

Não me considero machista, mas gosto de ver mulheres bonitas. E acho que as mulheres gostam de ser apreciadas, não só pela sua beleza, mas também por ela.

Para mim, as mulheres são do sexo feminino, e os homens do sexo masculino. O género é para a gramática.

Depois desta introdução, aqui vai o meu comentário à fantástica decisão da FIFA de proibir – repito, proibir – as televisões que cobriam o Mundial de futebol de “focarem mulheres atraentes” entre os adeptos que assistiam aos jogos.

A FIFA justificou esta medida pela sua política de “combate ao sexismo”.

Pois bem. Primeira pergunta: quem define, e como, “mulher atraente”? A partir de agora será necessária uma comissão a funcionar junto dos realizadores para avaliar o grau de atratividade de uma adepta?

Segunda pergunta: e porquê só “mulheres atraentes”? Então os homens não são também atraentes? E o perigo de filmar “crianças atraentes”?

Se a medida for para a frente, o que já não me espantaria, quem pode ser filmado entre os espetadores? Só as pessoas “não atraentes”?

Estou já a imaginar um diálogo entre duas amigas:

– Olá. Já sei que foste ontem ao futebol. Vi-te na televisão.

– O quê? Filmaram-me?

Até podemos levar estas decisões para a brincadeira. Podem ser uma piada de mau gosto.

O problema é que elas revelam uma perigosa tendência censória, um regresso cínico “à moral e aos bons costumes”, cujo outro exemplo é o de abolir os biquínis no concurso de beleza feminino que elege a Miss América.

Se se considera que usar um biquíni é desconfortável para uma mulher que concorre a um concurso de beleza, não será melhor acabar com esse tipo de concursos?

Da mesma forma, regressando ao futebol, não veremos em breve uma brigada à entrada dos estádios a proibir a entrada às adeptas vestidas com “roupas atraentes”?

Alterando um pouco a letra de um conhecido fado:

Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto… é parvo!

 

Jornalista