Cerveja. Calor puxa pelo aumento do consumo da bebida fresquinha

Cerveja. Calor puxa pelo aumento do consumo da bebida fresquinha


Este ano a indústria poderá ser castigada pelas condições meteorológicas, já que os quatro meses de verão representam 60% das vendas. Mas o Mundial poderá ter ajudado a compensar a quebra por causa do tempo atípico nesta altura do ano


O verão puxa pelo consumo de determinada bebidas e a cerveja é a rainha nesta altura do ano. A opinião é unânime junto das cervejeiras contactadas pelo i: só os quatro meses de verão – de junho a setembro – representam cerca de 60% das vendas anuais destas bebidas. No entanto, as condições climatéricas, calor e pouco vento, são determinantes para uma boa época de vendas. Isto porque a produção e a distribuição de cerveja é uma das indústrias que mais sente o impacto das condições meteorológicas. Perde com o mau tempo, mas ganha com o calor.

Ainda não há certezas em relação aos números deste ano,  já que a meteorologia não tem estado a ajudar o setor. O verão de 2018 não é um caso isolado. Nos últimos dois anos, o clima castigou a indústria com meses de julho e agosto de pouco calor, o que acabou por se refletir nas vendas. 

A dona da cerveja Sagres garante que só o mês de junho representa 10% do consumo total do ano, pelo menos tendo em conta os números verificados no ano passado. Mas Nuno Pinto de Magalhães, diretor de comunicação e relações institucionais da Sociedade Central de Cervejas admite que as vendas serão sempre maiores “se estiver calor e sem vento, o que, infelizmente, este ano não tem sido o caso”, diz ao i.

Também o Super Bock Group garante que, “por norma, esta é uma altura em que o consumo de cerveja aumenta naturalmente”. 

Mas apesar do tempo não estar a ajudar o consumo da bebida, não nos podemos esquecer que foi ano de Mundial, o que significou um mês inteiro de jogos – e inevitavelmente terá um impacto positivo no consumo da bebida de eleição dos adeptos. E a subida poderia ser maior se o evento fosse em Portugal. A explicação é simples: em 2004, ano de Europeu de futebol, beberam-se 591 milhões de litros de cerveja.

E ao contrário do que tinha ocorrido em anos anteriores – em que o consumo per capita de cerveja tinha vindo a diminuir de ano para ano e, em 2015, fixou-se nos 46 hectolitros, o valor mais baixo dos últimos 12 anos – no ano passado assistiu-se um aumento do consumo. De acordo com os Cervejeiros de Portugal, nova denominação da APCV – Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja, o consumo de cerveja em Portugal cresceu 8% em 2017, atingindo os 51 hectolitros. “Os resultados de 2017 demonstraram que este é um setor em permanente renovação, bem patente na proliferação de cada vez mais empresas cervejeiras e microcervejeiras a lançar novos tipos de cervejas”, salienta.

A somar a estes números há que contar ainda com as exportações de cerveja que, no ano passado, rondaram os 200 milhões de litros, um crescimento de 12,6% face ao ano anterior. O que, segundo os Cervejeiros de Portugal, “ajuda a sustentar o equilíbrio da balança comercial nacional”.

Moda que veio para ficar As cervejas artesanais têm vindo a ganhar cada vez mais peso no consumo em Portugal e já estão a ditar algumas mudanças de hábitos junto do público que as consome.

Alcoólicas e complexas, foram a pouco e pouco conquistando o seu espaço e já entraram na moda. Inicialmente destinavam-se a nichos de apreciadores, mas agora já ganharam uma nova dimensão e a sua produção já está mais complexa. Neste momento, já existem cerca de oito dezenas de produtores. A verdade é que a exclusividade é a alma do negócio e cada produtor aposta nas suas receitas “secretas”.

Vários especialistas do setor acreditam que “é um fenómeno que veio para ficar”, embora reconheçam que este produto chegou a Portugal mais tarde do que aos restantes países. Mesmo assim, já conseguiu conquistar a sua quota de mercado. De acordo com os mesmos, a explicação é simples: este sucesso está relacionado com uma crescente procura por um produto diferenciado, com sabores e aromas mais fortes do que os da cerveja industrial.

Os especialistas vão mais longe e admitem que as cervejas artesanais já conquistaram um público próprio: é um produto para quem procura qualidade não só em degustação, mas na procura de uma bebida natural. Daí este mercado não querer concorrer com os grandes nomes das cervejas industriais, uma vez que está virado para a diferenciação.

Também em termos de preço, os valores praticados são, na maioria dos casos, mais elevados do que os das cervejas tradicionais.

Curiosidades

Maiores consumidores

A República Checa é o país que consome mais cerveja, de acordo com a pesquisa da empresa japonesa de bebidas Kirin em que este país aparece a liderar o consumo per capita durante 23 anos consecutivos. Segundo o mesmo estudo, os checos beberam cerca de 142,4 litros por pessoa, ou seja, o equivalente a 250 imperiais – o que dá uma média de uma imperial a cada 35 horas.

As Seychelles surgem no segundo lugar do ranking, associando esta tendência ao clima quente e ao grande número de turistas. A Áustria e a Alemanha ocupam o terceiro e o quarto lugar da tabela, enquanto a Namíbia, Polónia e surgem em quinto, sexto e sétimo lugar respetivamente.

Curiosamente, apesar de Inglaterra estar associado ao consumo de cerveja, este país  aparece no 27º lugar com uma taxa de consumo de apenas 67,7 litros per capita. Outra surpresa, Portugal não consta neste top 45. 

Benefícios

Há um novo estudo a associar o consumo da cerveja a benefícios para a saúde. O Instituto Neurológico Mediterrâneo conclui que bebê-la todos os dia diminui riscos de acidente vascular cerebral e doença arterial. De acordo com os investigação, beber todos os dias uma quantidade limitada de cerveja permite reduzir em 25% os riscos de padecer de doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral e doença arterial. Também reduz os riscos de contrair cancro e de enfrentar problemas cognitivos.

Dormir e banho

Já pensou em dormir numa lata de cerveja? Sim, é possível, mas para isso terá de ir até à Dinamarca. Trata-se do Can Sleep, um hotel com 121 quartos com a forma de uma gigantesca lata de cerveja de 3,80 metros de altura. Só funciona em agosto. Já em Espanha há um estabelecimento em Granada que criou um spa só de cerveja: ‘Beer Spa’. Uma alerta: a cerveja que se encontra nas banheiras e nas piscinas não é para se beber.