Ronaldo. Marca do jogador vale mais de 100 milhões e vai continuar a crescer

Ronaldo. Marca do jogador vale mais de 100 milhões e vai continuar a crescer


Depois do sucesso que fez no Real Madrid, o exemplo será seguido na Juventus. Ações a dispararem e loucura em torno das camisolas são os primeiros sinais visíveis.


O valor da marca Cristiano Ronaldo não tem parado de aumentar e a tendência é para continuar. A garantia foi dada ao i por Daniel Sá, diretor do IPAM (Instituto Português de Administração de Marketing), que lembra que o valor comercial do jogador cresceu 77,5 milhões de euros desde 2011, atingindo atualmente um valor potencial de 102 milhões de euros. “O valor tem crescido todos os anos e é de prever que vá continuar a crescer agora, com a sua transferência para o clube italiano [Juventus], e este aumento deve-se não só às conquistas individuais e de clube, mas também ao impacto nas redes sociais” refere o especialista.

E dá como exemplos: no Facebook, o português ultrapassa os 118 milhões de seguidores, no Google gera 56 milhões de referências, no Twitter tem 49 milhões de seguidores, no Instagram tem 85 milhões e no YouTube são apresentados 10 milhões de vídeos sobre o futebolista português. “Hoje, um golo de Cristiano Ronaldo é visto nas redes sociais milhões de vezes em qualquer parte do mundo.” 

Daniel Sá recorda o último estudo realizado pelo IPAM sobre a visibilidade, perfil e valor comercial da marca CR7 – com base em seis dimensões, receitas, média, web, palmarés, social e impacto, e 28 variáveis – e chegou à conclusão de que Cristiano Ronaldo é o futebolista com maior notoriedade nacional e internacional, atingindo 94 pontos numa escala de 0 a 100.

Analisando o indicador receitas, que avalia os salários dos futebolistas e os valores auferidos por contratos relacionados com direitos de imagem, Cristiano Ronaldo atinge um valor de 100 pontos, o que revela a altíssima capacidade do futebolista de gerar receitas. Aliás, de acordo com a revista “Forbes”, o jogador português foi considerado o atleta com maiores rendimentos no mundo em 2016.

No indicador média, onde se incluem imprensa, televisão e rádio, o jogador atinge os 91 pontos, que confirmam a elevada exposição mediática em meios de comunicação social de todo o mundo. Já no indicador web, Cristiano Ronaldo atinge a perfeição ao alcançar os 100 pontos, demonstrando que tem uma exposição significativa nas principais referências da web, transformando-o no futebolista com a maior visibilidade mundial.

No indicador social, que avalia o impacto na sociedade, nomeadamente na comunidade científica, índices de celebridades e prémios e distinções obtidas, Cristiano Ronaldo atinge os 98 pontos, “o que demonstra uma forte projeção social ultrapassando o domínio desportivo. A personalidade e o estilo de vida de Cristiano Ronaldo alimentam, em permanência, a sua visibilidade para além do futebol”, refere.

Analisando o impacto, indicador que avalia a carreira e a projeção dos clubes e seleções onde joga e o seu percurso atual, verifica-se que Cristiano Ronaldo atinge os 92 pontos. 

Em 2011, a marca Cristiano Ronaldo foi avaliada em 24,5 milhões de euros, aumentando para 40 milhões de euros em 2012 e para 43 milhões em 2013. Em 2014, a avaliação da marca subiu para 54 milhões de euros – o dobro de 2011.
Ronaldo vs. concorrentes Para Daniel Sá, o impacto que Cristiano Ronaldo tem atualmente só poderá ser equiparado ao ex-jogador David Beckham, apesar de admitir que as realidades dos dois são bastantes distintas. “As gerações são diferentes e Beckham vivia apenas dos média porque naquela altura não havia redes sociais; caso contrário, o impacto seria comparável”, diz ao i. 

Já em relação aos concorrentes diretos, como Neymar e Messi, o diretor do IPAM garante que o valor da marca de Ronaldo é superior e daí que ele esteja associado a 50 marcas distintas. “Enquanto Ronaldo apresenta um traço forte de personalidade e uma imagem de querer vencer, Messi é visto como um indivíduo tímido, introvertido e pouco atraente para as marcas. Já Neymar, além de ser pouco atraente, ficou com a sua imagem ainda mais prejudicada neste último Mundial, associada à batota. Duvido que as marcas queiram associar-se a uma imagem dessas”, alerta.

Também para os clubes que o futebolista representa, a marca Ronaldo é uma mais-valia. Daniel Sá lembra que as receitas do Real Madrid passaram de 250 milhões de euros para 980 milhões de euros em nove anos, com o jogador português a ser uma verdadeira estrela no que diz respeito ao merchandising. 

Esses efeitos já são visíveis na Juventus ainda antes da entrada de Ronaldo no clube. O preço do bilhete de época subiu dos 400 para os 600 euros e, ontem, a loja online no site oficial do clube ficou em baixa grande parte do dia devido à corrida a que se assistiu para a compra de camisolas do avançado português. “Estamos a trabalhar para repor a loja online do clube com a máxima prioridade e empenho constante”, dizia o site a quem queria tentar a sua sorte. Segundo o portal TutteJuve, a loja da Juventus em Milão está a vender uma média de uma camisola do internacional português por minuto. 

Também a megastore do clube em Turim registou uma enorme afluência, com milhares de pessoas a quererem comprar a camisola com o número 7 e o nome de Ronaldo estampado nas costas. 
O mesmo recorde acontece com as ações do clube. Desde 28 de junho, quando começaram a adensar-se as notícias sobre a partida de Cristiano Ronaldo do Real Madrid para a Juventus, o valor dos títulos da sociedade italiana cresceu 37,7%.

Contestação Mas nem todos estão satisfeitos com esta transferência. O sindicato dos trabalhadores da Fiat – que é um dos patrocinadores da Juve – da fábrica de Melfi anunciou que vão entrar em greve devido à contratação de Cristiano Ronaldo por 105 milhões de euros para o clube. “Não é aceitável que os trabalhadores continuem a fazer enormes sacrifícios económicos enquanto a companhia gasta milhões de euros num jogador. Eles dizem às famílias para apertarem cada vez mais o cinto e decidem investir tanto dinheiro num jogador. Acham isso justo? É normal uma pessoa ganhar milhões enquanto milhares de famílias a meio do mês já quase não têm dinheiro?”, questiona ainda o sindicato. 

Mas as críticas não ficam por aqui. De acordo com o mesmo, a empresa “deveria colocar os interesses dos seus empregados em primeiro lugar. Se isso não acontece é porque eles preferem o mundo do futebol, do entretenimento, a tudo o resto”.