Irão anuncia que vai aumentar a capacidade de enriquecer urânio

Irão anuncia que vai aumentar a capacidade de enriquecer urânio


O vice-presidente iraniano, Ali Akbar Salehi, afirmou que o Irão não vai violar o acordo de 2015 sobre o programa nuclear iraniano


Na segunda-feira, o Irão informou a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que vai aumentar a sua capacidade de enriquecer urânio dentro dos limites determinados pelo acordo de 2015 com as grandes potências. O anúncio foi feito pelo vice-presidente iraniano Ali Akbar Salehi.

“Foi entregue ontem (segunda-feira) uma carta na agência sobre o início de certas atividades”, indicou o dirigente, citado pela agência noticiosa iraniana Fars.

Salehi, também presidente da organização iraniana de energia atómica (OIEA), adiantou que “se as condições o permitirem”, talvez na quarta-feira à noite possa ser declarada “a abertura do centro de produção de novas centrifugadoras” em Natanz, no centro do Irão.

O vice-presidente garantiu que esta decisão “não viola o acordo” sobre programa nuclear iraniano, do qual os Estados Unidos se retiraram a 8 de maio.

Referindo-se às discussões entre o Irão, a União Europeia – e particularmente, a Alemanha, França e o Reino Unido – para tentar manter a República Islâmica no acordo apesar da retirada norte-americana, Ali Akbar Salehi afirmou que “passos não significam que as negociações falharam”.

Num discurso na segunda-feira, o guia supremo iraniano, Ali Khamenei, indicou que “a OIEA (tem) o dever de se preparar rapidamente” para aumentar a sua capacidade de produção de urânio enriquecido.

O enriquecimento de urânio permite produzir combustível para as centrais nucleares de produção de eletricidade ou pode ter outras aplicações civis, no campo da medicina por exemplo, mas altamente enriquecido e em quantidade suficiente o urânio pode também permitir o fabrico de uma bomba atómica.

Acusado pelos Estados Unidos e Israel de tentar obter a arma atómica, o Irão sempre afirmou que o seu programa nuclear tinha unicamente fins pacíficos e civis.

Primeiro-ministro israelita acusa Irão de querer destruir Israel
Reagindo ao anúncio do vice-presidente iraniano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o Irão de querer construir armas nucleares para destruir Israel.

“O ‘ayatollah’ Khamenei, guia supremo iraniano, declarou há dois dias a sua intenção de destruir o Estado de Israel”, disse Netanyahu, num vídeo difundido nas redes sociais, afirmando que o Irão pretende “constituir um arsenal nuclear através do enriquecimento de urânio ilimitado”.

Israel considera o Irão como a sua maior “ameaça existencial” e opõe-se ao acordo nuclear iraniano que visa, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, assegurar que o Irão não desenvolva armas nucleares.
O acordo nuclear foi assinado entre o Irão e o grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), sendo que Washington abandonou o acordo em maio deste ano.

UE apela ao Irão que respeite compromissos

A União Europeia (UE) apelou ao Irão para que continue a respeitar os seus compromissos respeitantes a atividades nucleares, acrescentando estar a “estudar” a decisão de Teerão de aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio. 

“Estamos em vias de estudar os anúncios” das autoridades iranianas, disse Maja Kocijancic, porta-voz da Comissão Europeia. “Continuaremos a respeitar os compromissos assumidos no quadro do acordo nuclear, desde que o Irão respeite os seus”, sublinhou.

A porta-voz para a política externa acrescentou ainda que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou que o Irão continua a respeitar o acordo, acrescentando que Bruxelas está a preparar-se “para defender os interesses europeus”, referindo-se às sanções dos EUA contra Teerão, nomeadamente comprando petróleo ao país.