A inteligência de Bruno de Carvalho


Embora me digam que Bruno de Carvalho é uma pessoa inteligente, os últimos acontecimentos lançam sobre isso as maiores dúvidas. Veja-se o que se passou com Rui Patrício. O Sporting queria ver-se livre dele e pediu ao empresário Jorge Mendes para o colocar noutro clube. O empresário, depois de uma tentativa falhada no Nápoles, colocou-o…


Embora me digam que Bruno de Carvalho é uma pessoa inteligente, os últimos acontecimentos lançam sobre isso as maiores dúvidas.

Veja-se o que se passou com Rui Patrício. O Sporting queria ver-se livre dele e pediu ao empresário Jorge Mendes para o colocar noutro clube. O empresário, depois de uma tentativa falhada no Nápoles, colocou-o em Inglaterra, no Wolverhampton.

Até aqui, tudo bem.

Sucede que, à última hora, Bruno de Carvalho exigiu mais dois milhões de euros pelo jogador e fez abortar o negócio. Depois disse que Jorge Mendes pedira 7 milhões de comissão para ele, ou seja, dos 18 milhões pagos pelo clube inglês, quase metade ficaria para o empresário, o que não seria verdade. De facto, Mendes estaria a cobrar uma dívida antiga. 

Mas a questão mais grave nem foi essa. Bruno de Carvalho e o Sporting tinham uma espada de Dâmocles sobre a cabeça, que era a possibilidade de vários jogadores rescindirem o contrato alegando justa causa, em virtude das agressões ocorridas em Alcochete.

Neste quadro, a transferência de Rui Patrício era absolutamente decisiva para o clube de Alvalade. Se o jogador fosse vendido, renunciando à rescisão do contrato, outros inibir-se-iam de o fazer. Pelo contrário, se Patrício rescindisse, outros certamente o seguiriam. E foi isto mesmo que aconteceu, em resultado da atuação do presidente.

Bruno de Carvalho revelou, portanto, muito pouca inteligência na condução deste negócio.

E não só. Na situação em que o Sporting está, com a credibilidade abalada, Jorge Mendes seria utilíssimo ao clube para vender e para contratar jogadores. Ora, desentendendo-se com ele, o Sporting reduziu ainda mais a sua já curta margem de manobra para atuar no mercado.

Em toda esta novela, Bruno de Carvalho agiu, pois, com elevado grau de irracionalidade.

Até pode ser que o presidente do Sporting seja um homem inteligente. Mas a incapacidade de controlar as emoções levá-lo-á a fazer o contrário daquilo que a razão aconselharia.

É evidente que a razão o deveria ter levado a aceitar a proposta de Jorge Mendes e a vender Patrício; mas a emoção empurrou-o no sentido oposto.

Também é evidente que, depois do jogo de Madrid, a razão deveria ter levado Bruno de Carvalho a agir com cautela, de modo a não desestabilizar a equipa num momento crucial da época; mas a emoção levou-o a suspender os jogadores. E a atirar a braçadeira ao chão depois do empate com o Benfica. E a despedir Jorge Jesus depois da derrota na Madeira e antes da final da Taça de Portugal.

Bruno de Carvalho até pode ser inteligente – mas a emoção leva-o a ser burro, passe o plebeísmo. E como já provou que a emoção é mais forte do que ele, dali não há que esperar nada de bom. Até ele sair, o Sporting será gerido sob o signo da mais pura irracionalidade.


A inteligência de Bruno de Carvalho


Embora me digam que Bruno de Carvalho é uma pessoa inteligente, os últimos acontecimentos lançam sobre isso as maiores dúvidas. Veja-se o que se passou com Rui Patrício. O Sporting queria ver-se livre dele e pediu ao empresário Jorge Mendes para o colocar noutro clube. O empresário, depois de uma tentativa falhada no Nápoles, colocou-o…


Embora me digam que Bruno de Carvalho é uma pessoa inteligente, os últimos acontecimentos lançam sobre isso as maiores dúvidas.

Veja-se o que se passou com Rui Patrício. O Sporting queria ver-se livre dele e pediu ao empresário Jorge Mendes para o colocar noutro clube. O empresário, depois de uma tentativa falhada no Nápoles, colocou-o em Inglaterra, no Wolverhampton.

Até aqui, tudo bem.

Sucede que, à última hora, Bruno de Carvalho exigiu mais dois milhões de euros pelo jogador e fez abortar o negócio. Depois disse que Jorge Mendes pedira 7 milhões de comissão para ele, ou seja, dos 18 milhões pagos pelo clube inglês, quase metade ficaria para o empresário, o que não seria verdade. De facto, Mendes estaria a cobrar uma dívida antiga. 

Mas a questão mais grave nem foi essa. Bruno de Carvalho e o Sporting tinham uma espada de Dâmocles sobre a cabeça, que era a possibilidade de vários jogadores rescindirem o contrato alegando justa causa, em virtude das agressões ocorridas em Alcochete.

Neste quadro, a transferência de Rui Patrício era absolutamente decisiva para o clube de Alvalade. Se o jogador fosse vendido, renunciando à rescisão do contrato, outros inibir-se-iam de o fazer. Pelo contrário, se Patrício rescindisse, outros certamente o seguiriam. E foi isto mesmo que aconteceu, em resultado da atuação do presidente.

Bruno de Carvalho revelou, portanto, muito pouca inteligência na condução deste negócio.

E não só. Na situação em que o Sporting está, com a credibilidade abalada, Jorge Mendes seria utilíssimo ao clube para vender e para contratar jogadores. Ora, desentendendo-se com ele, o Sporting reduziu ainda mais a sua já curta margem de manobra para atuar no mercado.

Em toda esta novela, Bruno de Carvalho agiu, pois, com elevado grau de irracionalidade.

Até pode ser que o presidente do Sporting seja um homem inteligente. Mas a incapacidade de controlar as emoções levá-lo-á a fazer o contrário daquilo que a razão aconselharia.

É evidente que a razão o deveria ter levado a aceitar a proposta de Jorge Mendes e a vender Patrício; mas a emoção empurrou-o no sentido oposto.

Também é evidente que, depois do jogo de Madrid, a razão deveria ter levado Bruno de Carvalho a agir com cautela, de modo a não desestabilizar a equipa num momento crucial da época; mas a emoção levou-o a suspender os jogadores. E a atirar a braçadeira ao chão depois do empate com o Benfica. E a despedir Jorge Jesus depois da derrota na Madeira e antes da final da Taça de Portugal.

Bruno de Carvalho até pode ser inteligente – mas a emoção leva-o a ser burro, passe o plebeísmo. E como já provou que a emoção é mais forte do que ele, dali não há que esperar nada de bom. Até ele sair, o Sporting será gerido sob o signo da mais pura irracionalidade.