Nos últimos séculos, as grandes alterações na prosperidade da humanidade têm estado associadas àquilo que chamamos as revoluções industriais: a primeira revolução industrial associada à máquina a vapor; a segunda revolução industrial associada à electricidade e ao motor de combustão interna; a terceira revolução industrial associada ao transístor, ao microprocessador, aos computadores, à internet. Hoje, podemos dizer que vivemos uma quarta revolução industrial, associada à massificação da informação.
Na terceira revolução industrial, aquilo em que as tecnologias de informação revolucionaram a nossa vida foi ao nível da comunicação e da gestão de informação: smartphones, internet, streaming, vídeos, gestão de logística, gestão de bilhetes em companhias aéreas (que é uma das chaves do low cost), etc.
A quarta revolução industrial é o momento em que as tecnologias de informação se “agarram” ao mundo físico. Começa na chamada internet das coisas, que é o facto de termos todos os equipamentos físicos – frigorífico, smartphone, carro, etc. – com sensores e processadores que comunicam entre eles. Depois, uma capacidade de gerir e processar quantidades massivas de informação – a big data – e de, a partir dessa informação, ter algoritmos, machine learning, inteligência artificial que geram ações para se fazer no mundo real. Estas acções podem ser feitas por robots, na indústria, na floresta, na agricultura, mas também por todo o tipo de automação em todos os sistemas com que trabalhamos.
Quer a terceira quer a quarta revoluções industriais são caracterizadas pelo enorme peso da informação. Aquilo que as distingue é que na quarta as tecnologias ligam-se fortemente ao mundo físico, enquanto na terceira elas trabalharam essencialmente no domínio da informação.
É importante também perceber a relação entre as revoluções industriais e o uso de energia nas economias. Há trezentos anos, a humanidade utilizava pouca energia. Com a primeira revolução industrial, iniciou-se o uso massivo do carvão. Na segunda revolução industrial, iniciou-se o uso de um novo recurso energético, o petróleo, aumentando ainda mais o consumo de energia. Na terceira revolução já não vimos um crescimento grande do consumo de energia.
Em termos de crescimento económico, a primeira e segunda revolução industriais estiveram associadas a elevadas níveis de crescimento económico. Já a terceira revolução industrial teve um efeito reduzido no crescimento económico.
Coloca-se assim a hipótese de que as revoluções industriais têm que estar associadas a transições energéticas para terem um efeito significativo em termos de crescimento económico. Se assim for, a quarta revolução industrial, pela sua renovada ligação ao mundo físico, tem o potencial para de novo gerar elevado crescimento económico.