Como é possível acreditar na inocência de Lula?


Lula da Silva, antigo presidente brasileiro, foi condenado a 12 anos e um mês de prisão efetiva por se terem comprovado, mais uma vez, os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.


A defesa de Lula tinha recorrido da sentença decretada pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo Lava Jato, de nove anos e seis meses de prisão, e viu agora um coletivo de três juízes decidir por unanimidade aumentar a pena decretada por um dos homens mais odiados pela esquerda brasileira.

A sentença dividiu profundamente o país, já que os defensores de Lula alegam que o julgamento é político e que o ex-presidente está a ser impedido de concorrer outra vez ao mais alto cargo do país, até porque todas as sondagens o colocam à frente das intenções do eleitorado.

O mais extraordinário desta história é que Lula foi condenado duas vezes e, mesmo assim, não falta quem acredite na sua inocência. Sendo um país onde a corrupção é tanta como a beleza do Rio de Janeiro, é certo que muitos daqueles que estão agora no poder também cometeram, supostamente, atos que deveriam levá-los à prisão. Mas essa é outra história que os tribunais estão a resolver e aguarda-se pela implicação ou não do atual presidente, Michel Temer. São muitas as suspeitas, mas ainda não foi levado à barra dos tribunais.

Lula da Silva, ironicamente, acaba por ser condenado por um dos crimes, supostamente, menos graves. Tudo gira em volta de um apartamento triplex que lhe terá sido oferecido por ter concedido vantagens num negócio. Faz lembrar um pouco a história de Al Capone, um dos maiores sanguinários da máfia de Nova Iorque, que foi condenado em primeira instância por fuga ao fisco.

Certo é que a condenação de Lula deixa o país a ferro e fogo e os seus admiradores não querem imaginar que o homem que prometeu tirar o país da miséria possa ter sido corrompido. Mas, segundo o relator deste último julgamento, não há margem para dúvidas: “Infelizmente, e reafirme-se, infelizmente, está sendo condenado um ex-presidente da República, mas que praticou crime e pactuou direta ou indiretamente com a concretização de tantos outros, o que indica a necessidade de uma censura acima daquela que ordinariamente se firmaria na dosagem da reprimenda.”.