Tendo em conta as críticas que se faziam às exibições do Benfica e os elogios ao Sporting, admitia-se que, independentemente do resultado, o Sporting conseguisse estar por cima do encontro. Ora não sucedeu nada disso.
Por outro lado, o Benfica costuma entrar forte nos jogos, por vezes marca cedo, e depois vai perdendo a pouco e pouco o comando das operações. Ora, na quarta-feira, foi o Sporting a marcar primeiro e o Benfica a tomar depois progressivamente conta dos cordelinhos do jogo, até acabar por massacrar.
Quanto a surpresas e invenções, Jesus não inventou nada, fez o esperado, foi ultraconservador – e quem surpreendeu foi Rui Vitória, ao trocar um defesa central por um médio, e um defesa direito e um médio por dois avançados.
Mas, mais do que isso, tirou um inesperadíssimo coelho da cartola. Rafa, que não se via há meses, foi lançado surpreendentemente no dérbi – e seria ele a fazer o remate que proporcionaria o penálti que deu o empate ao Benfica! Mais era impossível!
Ainda assim, com tudo isto, com um fraco jogo dos leões e um excelente jogo das águias, o Benfica esteve à beira do precipício até ao minuto 89, quando Jonas empatou. Teria sido injustíssimo perder, mas foi por um triz que não aconteceu. E uma derrota do Benfica neste jogo seria devastadora: ficaria a seis pontos de Porto e Sporting, sofreria a humilhação de ser derrotado no seu estádio pelo rival da Segunda Circular, veria crescer o fantasma de uma época totalmente perdida logo no início do ano.
Uma derrota na quarta-feira poria tudo em causa: penta, Rui Vitória, plantel, etc.
Uma palavra final para a arbitragem. Devo dizer que, em condições dificílimas – foi das arbitragens mais difíceis a que assisti, num ambiente escaldante –, Hugo Miguel fez um trabalho notável. Claro que pode ter havido um ou outro erro, mas como as imagens mostraram acertou em quase tudo: o fora de jogo de Acuña no golo leonino (por uma bota) era impossível de detetar sem linha, a bola na cara de Coentrão dava à primeira vista a ideia de ter sido cortada com o braço, a eventual bola no braço de Piscini é impossível de garantir com absoluta certeza, o penálti de Bataglia é muito bem visto, e não era fácil ver logo, no meio da confusão.
Grande arbitragem, portanto. Segura, serena, acertando no essencial e não se deixando sugestionar pelo barulho da multidão.