Qual será a surpresa de Jesus?


Qualquer antecipação de um jogo de futebol é um exercício pueril. Pela simples razão de que uma das principais características do futebol é exactamente a sua imprevisibilidade – que também faz a sua força. Se fosse possível prever os jogos, 80% da emoção do futebol perder-se-ia. Citando o ‘velho’ João Pinto, “prognósticos só no fim…


A única coisa que podemos fazer antes de um jogo é analisar os pontos fortes e fracos das equipas em presença. É isso que tentarei fazer a seguir, antes do dérbi da Luz que oporá Benfica e Sporting no dia 3 de Janeiro.

Quais são os pontos fortes do Benfica?

1. Entrada muito forte nos jogos, com circulação rápida de bola, exploração das faixas laterais (aproveitando a velocidade de Salvio, André Almeida, Cervi ou Grimaldo), centros para o meio e Jonas a rematar. Quantas vezes já vimos este filme? E quantos golos já foram marcados assim nos primeiros minutos?

2. Capacidade de manietar os adversários, de não os deixar jogar, impondo-lhes um colete de forças que os torna praticamente impotentes. Isto foi claríssimo na 1ª parte do jogo em Vila do Conde.

E quais são os pontos fracos do Benfica?

1. Incapacidade de manter o ritmo para além dos 20/30 minutos, perdendo progressivamente o controlo do jogo, deixando o adversário crescer até ter o domínio da partida. Mesmo na Luz, com equipas pequenas, tem-se verificado esta situação.

Quais são agora os pontos fortes do Sporting?

1. Defesa muito fiável, com dois jogadores fortes e experientes na zona central: Mathieu e Coates;

2. Capacidade de aceleração do ritmo de jogo, às vezes próxima de alguma vertigem, característica das equipas de Jesus (e proporcionada por Bruno Fernandes, Gelson Martins e Podence, três jogadores que fazem a cabeça em água a qualquer defesa).

E quais são os pontos fracos do Sporting?

1. Uma certa inconsistência no miolo do campo, onde joga apenas com dois jogadores, contra três adversários.

Passando das questões estruturais para a análise das individualidades, as equipas equilibram-se, com ligeira vantagem dos leões. Na baliza, Patrício dá mais garantias do que Varela. Os pares de defesas laterais, André Almeida-Grimaldo e Piccini-Fábio Coentrão, estão ela por ela. A zona central da defesa do Sporting é um pouco mais forte. Os médios defensivos Fedja e William Carvalho equivalem-se. Gelson e Podence são demoníacos, mas Salvio e Pizzi compensam uma menor irreverência com uma maior experiência. Jonas e Bas Dost também se equilibram.

Claro que falta um dado que esse é de todo impossível antecipar. Nos grandes jogos, Jorge Jesus reserva sempre uma surpresa para a última hora. Isso também dá aos clássicos e aos dérbis um sabor especial. Qual será a surpresa reservada para esta quadra por um treinador que tem o nome de Jesus?