A época de Natal também é sinónimo de gastos e, para grande parte dos portugueses, recorrer ao cartão de crédito é o truque encontrado para responder a estas despesas extra. Aliás, de acordo com o estudo do Cetelem, a intenção de utilizar cartão de crédito para compras registou um aumento de 3% face ao ano anterior. O valor médio das compras por esta via deverá atingir 421 euros por utilizador, um valor em linha com o registado em 2016. A impulsionar este aumento de utilização surge o cashback nos cartões de crédito (44%), que é uma das ofertas mais valorizadas pelos consumidores, a par do desconto direto nos produtos (91%) e os cartões de fidelização (78%).
A pensar nisso, o i quis saber quais os cartões de crédito que melhor se adaptam às necessidades dos portugueses. E apenas 25 dos 102 cartões de crédito existentes em Portugal não têm qualquer tipo de custos para o cliente, ou seja, isentam os consumidores de custos associados à anuidade ou de comissões de utilização mínima do cartão. E deste total de cartões “gratuitos”, 24 apresentam a TAEG (taxa anual efetiva global) no limite máximo definido pelo Banco de Portugal (16,1% para o presente trimestre) e apenas sete incluem algum tipo de seguro. Esta é uma das conclusões do estudo da plataforma ComparaJá.pt.
Além disso, metade destas opções totalmente gratuitas referem-se a cartões de fidelização de marcas, sendo os restantes disponibilizados por três financeiras – WiZink, Cofidis e Cetelem – e por oito bancos – ActivoBank, EuroBic, Banco BiG, BPI, Banco CTT, Bankinter, Crédito Agrícola e Millennium BCP (ver tabela ao lado).
Mas nem tudo são vantagens. De acordo com a análise a que o i teve acesso, há um campo em que os cartões de crédito sem anuidade se destacam pela negativa quando comparados com os outros cartões existentes no mercado. “A sua TAEG está acima da média, com a única exceção sendo o ActivoBank Classic.”
Feitas as contas, a TAEG média nos cartões de crédito no nosso país ronda os 15%. Com exceção do ActivoBank, que está em linha com as condições do mercado, todos os outros cartões gratuitos apresentam uma TAEG de 16,1% – como referido, precisamente o limite máximo definido pelo Banco de Portugal para o presente trimestre.
“Daqui se conclui que os bancos e instituições financeiras procuram, através da TAEG, lucrar com os cartões de crédito que isentam os consumidores de anuidades”, explica Sérgio Pereira, diretor-geral do ComparaJá.pt.
Ainda assim, há uma forma de contornar o pagamento desta taxa. “Se o utilizador fizer o pagamento da totalidade da dívida num prazo entre 20 e 50 dias pode isentar-se do pagamento de juros”, afirma o responsável.
Seguros são raros Também nos cartões gratuitos, os seguros são praticamente inexistentes e, quando não o são, apresentam-se pouco completos, o que representa uma clara desvantagem face a outras ofertas cujas anuidades são relativamente baixas. Mas vamos a números: oito dos 14 cartões analisados oferecem seguros, mas as coberturas tendem a ser básicas.
“Destes cartões de crédito sem anuidade, o do Banco BiG é aquele que alcança uma melhor pontuação uma vez que oferece coberturas como pagamentos de variadas despesas de atos médicos no estrangeiro, reboque de veículo em viagem ou cobertura de acidentes pessoais em viagem, entre outros”, diz o estudo, a que o i teve acesso.
Segundo o mesmo, também o “Cetelem Black e o Cartão Cofidis garantem uma série de coberturas, destacando-se a de roubo e utilização fraudulenta do cartão, proteção de compras ou roubo de dinheiro no multibanco”, acrescentando ainda que “os cartões com seguros contemplados nesta análise são, para além dos três já referidos, o EuroBic Soft, o Bankinter Classic BK, o CA Seguros, o Millennium BCP – Blue da American Express e o Unibanco Clássico”.
Benefícios em ponto pequeno Sendo cartões sem anuidade, nem todos oferecem vantagens extra que normalmente existem noutros cartões para setores mais premium. É o caso, por exemplo, de cashback, milhas aéreas ou descontos.
Segundo a ronda feita pela plataforma ComparaJá.pt, nenhum destes cartões oferece milhas aéreas. “Para quem viaja com frequência, pode ser melhor ter um cartão com uma anuidade mas que ofereça benefícios interessantes ao nível de milhas. Pode poupar muito dinheiro”, diz ao i Sérgio Pereira.
Já em relação ao cashback, só há dois que oferecem esta modalidade: o cartão Cofidis e o Cetelem Black. “O cartão de crédito Cetelem Black é aquele que tem as melhores condições ao oferecer 3% de cashback, tendo, no entanto, um limite de 100 euros por ano no usufruto deste benefício. O cartão da Cofidis fica-se por 1%”, acrescenta.
No entanto, no caso deste último cartão, existe a possibilidade de receber 2% de cashback. A instituição financeira oferece este benefício (entre outros, como isenção de custos de cash advance ou de comissão de compras fora do Espaço Económico Europeu) aos clientes que optarem por pagar uma comissão fixa de um euro por mês. “Para quem optar por cartões de milhas aéreas, o Wizink Rewards é o único que oferece a possibilidade de trocar os seus pontos por bilhetes de avião. Este cartão oferece 1 ponto por cada euro gasto, e para ir de Portugal continental até a um destino europeu o cliente deverá acumular 13 mil pontos se for em classe económica. Além disso, por cada 5 mil euros em compras efetuadas a cada seis meses, serão atribuídos 500 pontos extra até ao limite de 1500 pontos.”
Por outro lado, se formos pela oferta de pontos, conclui-se que há três cartões a oferecer este benefício: o ActivoBank Classic com 4 pontos por euro gasto e o Wizink Rewards e o Unibanco Classic, ambos com 1 ponto por cada euro que se gastar.
O que há muito nesta seleção de cartões sem anuidade são aqueles que oferecem descontos. São 9 em 14 os que têm este tipo de vantagem, com o número de parceiros onde se podem ter esses descontos a oscilar entre apenas um e uma rede muito alargada, incluindo mais de 50 parceiros. Os que têm um número mais alargado de parceiros são o Unibanco, o Wizink, o Millennium BCP e o Banco BiG.
“Os cartões são uma opção competitiva se se fizer uma gestão inteligente dos mesmos. Se se evitar o pagamento dos juros e se se escolherem bem os cartões que oferecem o maior número de vantagens e benefícios adicionais, o cliente pode poupar muito dinheiro”, conclui o fundador do ComparaJá.pt.