"O meu nome é Pedro Santana Lopes e espero ser o próximo presidente do PPD/PSD". A apresentação da candidatura de Santana Lopes à liderança do PSD decorreu este domingo, em Santarém, e incluiu críticas a Rui Rio e ao Governo que apelidou de "frente esquerda comunista e de extrema-esquerda".
Sem nunca nomear Rui Rio, Pedro Santana Lopes acusou o adversário de virar as costas ao partido quando o PSD mais precisou dele. "Nunca fui para a Aula Magna fazer sessões com o Bloco de Esquerda ou com Mário Soares [numa alusão a Pacheco Pereira, grande apoiante de Rui Rio], nunca fui para a Associação 25 de Abril ouvir elogios de Vasco Lourenço na altura em que o partido salvava Portugal da bancarrota". O adversário, nome que utilizou sempre para Rio, foi muitas vezes criticado e nem a questão da idade escapou: "Ouvi o meu adversário na televisão dizer, e cito, 'Pedro Santana Lopes é um pouco mais velho do que eu'. Tenho a diferença de um ano, nem isso" disse, em tom jocoso.
Num discurso descontraído e longo, Santana Lopes lançou também duras críticas à solução que apoia o governo a que não gosta de chamar geringonça, porque é uma forma de "disfarçar a realidade política". "Para mim eles são uma frente esquerda comunista e da extrema-esquerda que o PS aproveita para governar com um programa que não é o seu", disse o candidato à liderança do PSD.
"Estamos perante uma maioria parlamentar, mas que quase todos os dias ao mínimo problema diverge em críticas", acrescentou, lembrado que quando o PSD esteve no governo em coligação com o CDS, as críticas era vistas como fim do acordo.
"Há que mostrar aos portugueses que há melhor e bem melhor", afirmou, mostrando estar interessado em "preparar uma alternativa" à maioria parlamentar que é "na grande maioria anacrónica". "Qualquer dia, só para o PS continuar no poder e fazer acordos à esquerda, já não será aos 16 anos, mas quem sabe talvez aos 15 ou aos 14 que os jovens que as crianças poderão tomar decisões gravíssimas sobre a sua integridade", numa crítica à medida do Bloco de Esquerda, para antecipar para os 16 anos a iniciação do processo para mudança de sexo, aprovada na Assembleia da Republica.
"O partido de que me orgulho, o partido que connosco tem trilhado todo este caminho quer afirmar a sua alternativa em relação ao PS deixando claro que não sacrificaremos a importância da recuperação e do progresso de Portugal às migalhas a dar para contentamento dos parceiros de coligação", afirmou o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia.
E orgulho não faltou no discurso. Desde orgulho no partido, no Presidente da República, até no percurso pessoal que fez, ao enunciar o orgulho em "tudo o que fiz e não fiz". "Eu não falo do passado, não vou comparar as causas da dissolução do parlamento na altura com os factos que se seguiram", acrescentou referindo à legislatura de José Sócrates dizendo que também não vai comparar "as circunstâncias que se seguiram, com o Governo mais próximo e com o atual".
Sobre o que vai fazer, Santana Lopes veio para "clarificar". "Quero unir mas quero unir depois de clarificar, o PPD precisa disso e Portugal também", afirmou o candidato.
Pedro Passos Coelho não ficou de fora do discurso, tendo até recebido um lugar de honra. Pedro Santana Lopes terminou o discurso com um agradecimento a Francisco Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, os dois fundadores do partido, e a Pedro Passos Coelho.