A mudança para o carro elétrico tem sido acelerada por fatores ambientais e pelo desenvolvimento da tecnologia de mobilidade autónoma e de energia renovável que, quando estiver maturada, mudará o paradigma da mobilidade.
Mas até lá – e o quando ainda é incerto -, o desenvolvimento e proliferação do automóvel elétrico dependerá dos combustíveis fósseis para geração da eletricidade necessária à locomoção.
A eletricidade é, em grande parte, produzida com recurso a combustíveis fósseis, e com os preços do petróleo e do gás natural em baixa, as energias renováveis continuarão a ser pouco competitivas na produção de eletricidade. Assim, o setor petrolífero está fora de perigo nas próximas duas ou três décadas devido à alteração da fonte de energia usada pelos automóveis ligeiros.
Até agora, o consumo de petróleo está sem sinais de abrandamento e ainda ontem, no seu relatório, a Agência Internacional de Energia previa que a procura mundial de petróleo continue a subir.
Vários especialistas ouvidos pelo i em outros trabalhos sobre energia e mobilidade elétrica coincidem na opinião de que vai demorar muitas décadas até que o petróleo seja integralmente substituído na área da mobilidade e dos transportes. A diferença é que o consumo de energia será sempre muito mais eficiente, pelo que os carros terão de consumir muito menos para conseguir percorrer a mesma distância.
A mudança ocorrerá numa outra fase, que será a dos carros autónomos, quando a sociedade se organizar à volta de veículos em modo sempre partilhado. Aí haverá uma verdadeira disrupção na mobilidade.
Menos ou mais poluição
Os governos dos vários países, em especial depois das assinatura dos Acordos de Paris sobre as alterações climáticas, estão a incentivar cidadãos e construtoras automóveis a abandonar os motores de combustão e a trocarem-nos por motores elétricos, de forma a conseguirem cumprir as metas dos países para a redução da emissão dos gases com efeitos de estufa e redução da poluição nas cidades.
O último destes países a enveredar por este caminho foi a China, o segundo maior mercado automóvel do mundo, numa decisão que terá grande impacto na indústria mundial (ver texto secundário).
No entanto, e de acordo com os estudos mais recentes e com os métodos atuais, a construção de veículos elétricos requer mais energia do que a de um veículo com motor de combustão, em parte devido ao fabrico das baterias.
Embora os carros elétricos não sejam responsáveis por emissões poluentes ao circular, há produção de CO2 nas centrais responsáveis pela eletricidade que alimenta esses automóveis. Por exemplo, na Alemanha, mais de metade dessa energia tem origem no carvão e no gás natural.
E apesar de a construção de carros elétricos requerer mais energia na sua construção, na sua utilização, os atuais modelos elétricos são muito mais limpos e energeticamente eficientes. “E vão ficar cada vez melhor quanto mais fontes renováveis de energia forem utilizadas para a produção de eletricidade”, afirma um especialista em mobilidade elétrica na ONG Transport & Environment, em Bruxelas, citado pela agência Reuters.
Para que a mudança para a mobilidade elétrica seja o mais eficiente possível, os países precisam de mudar o paradigma energético. Em 2016, as energias renováveis correspondiam a 34% do mix na Alemanha – a meta é chegar a pelo menos 60% em 2035.
A mudança para o carro elétrico exige a todos os envolvidos, desde os setores da energia e da tecnologia aos construtores automóveis, que estejam aptos para o teste da velocidade e da resistência nesta corrida.