As decisões em relação ao programa de estímulos do Banco Central Europeu (BCE) serão tomadas no próximo mês. A valorização do euro, a inflação ainda longe do objetivo e o emprego sem a recuperação desejada justificam o calendário. No entanto, o tempo é escasso, uma vez que o fim está agendado para o final do ano e os limites para as compras definidos. A manutenção ou prolongamento do programa de compra de ativos implica uma mudanças das regras.
Neste momento o BCE compra 60 mil milhões de euros por mês em obrigações como parte do seu esforço para ajudar ao crescimento económico e da inflação. O programa de 2,3 biliões de euros, conhecida como “quantitative easing”, está montado para vigorar até dezembro.
No entanto, os analistas esperam que este se prolongue e indicações sobre os planos da instituição liderada por Mario Draghi para o futuro do programa.
“Este outono vamos decidir sobre a calibragem dos nossos intrumentos de política para além do fim do ano”, disse o presidente do BCE no final de uma reunião do conselho de governadores do BCE em Frankfurt.
“A não ser que algum risco que não se vislumbre hoje se materialize, devermos estar prontos para tomar a maioria das decisões em outubro”.
O presidente do banco central revelou ainda que encarregou os comités para continuarem a trabalhar nas opções de política monetária para 2018. “Queremos ver o trabalho dos comités”, afirmou, sem adiantar se foram discutidas quaisquer alterações à regras.
Estas limitam a compra de ativos à chave de capital de cada país no banco central a 33% de uma determinada obrigação ou da dívida de um país.
Inflação e valorização
Draghi referiu no entanto que a decisão da instituição “terá em conta a evolução expectável da inflação”, uma vez que os preços do consumidor se mantêm abaixo do objetivo do BCE de um valor abaixo mas próximo dos 2%.
Esse objetivo ainda está longe e a economia terá de continuar a ser estimulada durante o próximo ano. E “se necessário, estamos prontos para aumentar o nosso programa de compra de ativos em termos de tamanho e/ou duração”, afirmou Mario Draghi.
Para além disso, o lento afastamento do “quantitative easing” tem sido complicado pela valorização do euro face ao dólar, com as importações baratas a manterem os preços baixos.
“A recente volatilidade na taxa de câmbio representa uma fonte de incerteza que requer monitorização e atenção em relação às possíveis implicações nas perspetivas de longo prazo da estabilidade dos preços”, afirmou o presidente do BCE.
Pouco depois da intervenção do responsável, o euro, que já valorizou mais de 10% em relação dólar este ano, subiu para 1,21 dólares.
Ontem o BCE revelou ainda as suas mais recentes previsões económicas. A estimativa para o crescimento do PIB é de 2,2% este ano e para a inflação 1,5%.
No entanto, para 2018 baixa para 1,2%.