O terceiro terrorista da ponte de Londres foi detido em 2016

O terceiro terrorista da ponte de Londres foi detido em 2016


Era cidadão italiano de origem marroquina, tinha tentado viajar para a Síria mas, segundo os britânicos, não estava listado como suspeito de terrorismo


Youssef Zaghba é o nome do terceiro homem que participou nos atentados de Londres do passado sábado, que custaram a vida a sete pessoas. Segundo informou a polícia britânica, o homem tinha 22 anos, nacionalidade italiana e descendia de marroquinos. Zaghba residia na zona leste da capital britânica e, segundo as autoridades, não era “objeto de nenhuma investigação ou interesse por parte da polícia ou do MI5 [serviço de segurança interna e contraespionagem britânica]”, o que significa que não constava das listas de suspeitos de possíveis ligações ao terrorismo que recenseia milhares de possíveis suspeitos que vivem no Reino Unido.

Apesar de não constar da listagem de suspeitos no Reino Unido, o homem não era um desconhecido da polícia italiana, que o tinha assinalado por suspeitar que tinha viajado para a Síria, segundo garante o jornal italiano “Corriere della Sera”, citado pelo espanhol “El País”. A 15 de março de 2016, Youssef Zaghba foi detido junto ao aeroporto de Bolonha quando ia embarcar para um voo para a Turquia. Quando foi revistado tinha apenas um bilhete de ida, uma mochila e um telemóvel. Nesse dispositivo eletrónico, as autoridades encontraram apenas sermões religiosos, nada que provasse a sua vinculação ao Estado Islâmico. Apesar disso, o comportamento e o que tinha com ele enquadravam-se no perfil policial dos elementos que se juntavam ao Daesh para combater na Síria.

Na altura, Youssef Zaghba não foi expulso de Itália porque era cidadão italiano, mas foi colocado numa lista da polícia italiana que, pelos vistos, não foi pedida pelos seus congéneres britânicos – uma situação de descoordenação policial que se teme venha a aumentar com o processo do Brexit. As autoridades italianas garantem que enviaram todas as informações sobre Zaghba à polícia britânica.

Como não havia indícios suficientes, o homem foi libertado pela polícia italiana e viajou para Londres, onde arranjou emprego num restaurante, afirma o diário “La Repubblica”, citado pelo “El País”.

O homem fazia parte do comando terrorista com Khuram Shazad Butt e Rachid Redouane, identificados segunda-feira pela Scotland Yard. Os três homens vivam na zona leste de Londres: um tinha nacionalidade britânica; outro, nacionalidade italiana; e o outro, nacionalidade líbia. Segundo os dados do MI5, apenas Khuram Butt estava fichado pela polícia como suspeito de ter simpatias pelo terrorismo, “mas nada apontava para que preparasse um ataque”, segundo declarou a polícia britânica em comunicado.

Apesar disso, o cabecilha do atentado, o homem que estava listado, trabalhou até ao ano passado nos túneis do metro de Londres e teve acesso direto aos túneis por baixo do Parlamento britânico. Em 2016, Khuram Butt publicou nas redes sociais uma foto da estação de West Kensington, durante o seu período de trabalho.

No filme “V de Vendeta”, esses túneis são usados para fazer explodir o edifício do parlamento em Londres. Por uma vez, parece que a realidade não conseguiu imitar a ficção. Pelo menos, por enquanto.