As autoridades francesas abriram investigações ao grupo PSA Peugeot Citroën por suspeitas de manipulação das emissões de gases poluentes. As suspeitas não se agora, mas foi aberta esta segunda-feira a investigação judicial por parte do procurador público de Paris, que recebeu do Ministério da Economia francês um relatório a denunciar estas manipulações. O grupo, liderado pelo português Carlos Tavares, já negou as suspeitas.
De acordo com as investigações que estão a ser levadas a cabo pelas autoridades indicam que a PSA tenha feito exatamente o mesmo que o grupo Volkswagen admitiu ter feito em 2015. Ou seja, instalou um dispositivo nos motores diesel que permite manipular as emissões de gases poluentes, de forma a que estas fiquem abaixo dos limites impostos pela regulação europeia.
O grupo PSA, por seu lado, refere que ainda não foi notificado da existência desta investigação, garante que cumpre com a regulação europeia e nega a utilização de qualquer dispositivo fraudulento.
A investigação é aberta depois de, em fevereiro, o organismo francês de proteção dos consumidores, o DGCCRF, ter denunciado que, além da Volkswagen, também o grupo PSA, a Renault e a Fiat Chrysler recorrem a este tipo de dispositivos para manipular os níveis de emissões.
Na altura, o grupo garantiu que “em momento algum os veículos do grupo foram equipados com softwares ou dispositivos que permitissem detetar a realização de testes de conformidade e ativar mecanismos de tratamento de gases poluentes, que ficariam inativos aquando da utilização por parte dos clientes”, acrescentando ainda que “os resultados dos testes realizados pelas diversas autoridades europeias e francesas confirmaram que os veículos do grupo estão conformes aos critérios dos testes”.
VW condenada
A Volkswagen ainda na semana passada foi condenada a pagar 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,6 milhões de euros) nos Estados Unidos por causa das emissões poluentes. A sentença foi divulgada pelo juiz Sean Cox, após a Volkswagen e o Departamento de Justiça norte-americano terem mantido negociações, onde já estava prevista esta multa.
No início do mês de março, a empresa declarou-se culpada, de conspirar para defraudar milhares de pessoas nos EUA com a manipulação das emissões poluentes nos veículos com motores diesel.
Já na Europa continua a existir um impasse entre o fabricante automóvel e os clientes lesados. Esta demora tem sido criticada pela Associação de Defesa do Consumidor (DECO) e exige que os “consumidores europeus enganados pela Volkswagen sejam “compensados financeiramente, a exemplo do que a marca fez com os consumidores americanos”.
Recorde-se que, em Portugal, a DECO avançou com um processo judicial com o fabricante automóvel.