Impulsionado pela mais recente legitimação da sua posição enquanto líder absoluto, através da vitória do “sim” no referendo às alterações constitucionais que transformarão o modelo parlamentar da Turquia num sistema presidencialista,em 2019, Recep Tayyip Erdogan voltou a ordenar um nova vaga de detenções.
Entre a noite de terça-feira e a madrugada de hoje, as 81 províncias da Turquia testemunharam mais uma operação de buscas em grande escala, com resultados condizentes com o aparato criado: 1009 pessoas detidas.
Os números assustam, para nem devem ficar por aqui. De acordo com as autoridades, há mais de 2200 suspeitos que ainda estão a ser procurados, no âmbito da operação, e que poderão ser presos a qualquer momento.
Suleyman Soylu, ministro do Interior da Turquia, revelou que os mais de mil detidos são suspeitos de envolvimento com o líder religioso Fethullah Gulen – o homem que Erdogan e os seus próximos acusam de ter sido o orquestrador da tentativa de assalto ao poder, a partir dos EUA, ocorrida em junho do ano passado.
Citado pela Al-Jazeera, Soylu descreveu as detenções como “um passo importante” na missão do governo de “derrubar o movimento Gulen”. Ontem o presidente Erdogan também já tinha revelado à agência Reuters que continuava em curso uma “limpeza dos membros do movimento”, dentro das “forças armadas, da justiça e da polícia”.
Segundo os números disponibilizados pelo ministério do Interior, já foram detidas mais de 47 mil pessoas desde junho de 2016. Entre aquelas contam-se pelo menos 10700 agentes da polícia e 7400 militares. Para além disso mais de 120 mil pessoas – que incluem soldados, polícias, funcionários públicos, jornalistas, juízes ou professores – foram despedidas ou suspensas dos seus cargos. Todos acusados de estarem ligados a grupos terroristas.