A dois meses da sua primeira visita a Portugal, é hoje assinalado o quarto ano que o Papa Francisco assumiu o trono de São Pedro, sendo o primeiro Jesuíta aos comandos da Igreja Católica.
Foi precisamente há quatro anos, no segundo dia de Conclave, que o cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio foi eleito aos 76 anos como sucessor de Bento XVI, após a renúncia do agora Papa emérito.
“Foram quase até ao fim do mundo para me buscar”, foi uma das primeiras frases de Bergoglio aos fiéis que aguardavam na Praça de São Pedro, a 13 de março de 2013. Foi então que anunciou que iria assumir o inédito nome de Francisco, sendo o primeiro pontífice sul-americano, que ganhou imediatamente a simpatia dos fiéis, através de uma linguagem afável.
Francisco estará em Fátima nos dias 12 e 13 de maio, a propósito do centenário das aparições, sendo o quarto Papa a visitar Portugal nos últimos 50 anos.
Francisco já visitou 26 países durante o seu pontificado, mas a visita a Fátima será a primeira viagem oficial a Portugal. O que está a gerar, por isso, grande entusiasmo sobretudo no turismo.
Para conseguir alojar os largos milhares de fiéis que se deslocarão a Fátima, há três novos hotéis em construção ou requalificação. Também o custo do alojamento local em Fátima, nos dias da visita do Papa, disparou havendo mesmo quem tenha arrendado uma noite em saco-cama por quase mil euros.
Papa que recusa ser super-herói Em entrevista ao “Die Zeit”, a 11 de março, no dia em que comemorou o seu 59º ano de vida religiosa, Francisco rejeita a ideia de super-herói frisando que também é “um pecador” e “limitado”. Já em janeiro, em entrevista ao “El País”, o Papa também recusou a ideia de “revolução” ou de ser “incompreendido”, frisando que os seus planos passam por conseguir uma igreja mais “próxima”.
Os quatro anos de pontificado ficam marcados por mensagens de abertura e diálogo, com atenção aos mais desfavorecidos, e medidas de reforma interna.
Uma das posições de Francisco que gerou mais polémica, no seio da igreja, passou pelo apoio da igreja aos divorciados que voltem a casar. Segundo o Papa a maioria dos bispos do mundo apoia a comunhão aos divorciados. Uma posição que não caiu bem junto dos católicos conservadores que se manifestaram preocupados pela confusão que será gerada entre os fiéis, uma vez que a Igreja considera o casamento indissolúvel.
O desafio da Cúria Os casos polémicos da pedofilia continuam a ser um dos principais problemas da igreja . Mas além desse desafio, Francisco tem ainda outro obstáculo. É que a Cúria não partilha do mesmo entusiasmo que os fiéis. Durante os últimos quatro anos, foram já vários os confrontos entre o governo central da Igreja (Cúria), sendo visível uma postura mais dura e autoritária do Papa.
Em dezembro, o Papa aproveitou a tradicional mensagem de Natal aos cardeais e bispos do Vaticano, para passar vários avisos enumerando uma lista de “antibióticos” para combater os males da igreja: “honestidade, humanidade, racionalidade, bondade, respeito, lealdade e sobriedade”. Recados que a Cúria acolheu com desagrado e, de acordo com a imprensa internacional e um bispo argentino próximo do Papa, Francisco conta apenas com o apoio de cerca de 20% do governo da igreja.
Em 48 meses, o Papa argentino fez 17 viagens internacionais e ainda 12 visitas na Itália, incluindo uma passagem pela ilha de Lampedusa.
A par da viagem a Fátima, este ano, Francisco irá ainda visitar a Colômbia em setembro. Estará ainda prevista uma viagem ao continente africano outra à Índia e ao Bangladesh.