É isto que Trump tem mostrado ser. Há uns dias, nas redes sociais rodava um vídeo com excertos das intervenções de Trump em que este expressava a sua opinião sobre diversos temas. Sem exceção, todas as intervenções redundavam em “nobody knows it better than me”. Vale a pena ver, basta procurar no YouTube “Nobody Knows It Better Than The President: Donald Trump”.
Dá uma perspetiva muito clara da personalidade do homem mais poderoso do planeta. Porque efetivamente, agora o é! E, no meu entender, um perigo iminente e totalmente imprevisível.
Já sabemos o que esperar do orçamento que irá apresentar: mais despesa militar suportada pela redução da ajuda internacional e pela redução de apoios sociais para reforço de uma política de segurança – chamemos-lhe assim.
Na passada terça-feira apresentou-se perante o Congresso para a sua primeira intervenção e, se dúvidas houvesse da sua megalomania e presunção, autoproclama o seu mandato como “a new chapter of American greatness is now beginning. A new national pride is sweeping across our nation. And a new surge of optimism is placing impossible dreams firmly within our grasp. What we are witnessing today is the renewal of the American spirit” – ignorando o ruído que se faz sentir em toda a América e (embora menos relevante) por todo o mundo.
Trump acredita no que diz e assume frontalmente a sua veia nacionalista e de orgulho nacional. Um déspota encapotado.
Já aqui escrevi sobre os perigos de Trump, fazendo a ligação dos pontos que fui identificando antes e depois de vencer as eleições. Uma das críticas foi justamente a promiscuidade entre política e negócios que, com Trump, deixaria de haver uma linha a separar.
Esta questão, que não é de somenos importância, foi clara nas últimas semanas. Desde logo, o encontro com o primeiro-ministro japonês em que a filha de Trump e o marido estiveram presentes. A razão? Não se entende, dado que nenhum deles ocupa qualquer lugar na administração. Ora, sendo ambos empresários, parece-me clara a intenção.
Já no passado dia 27 de fevereiro, através da sua principal ferramenta de comunicação, Trump tweeta uma foto da reunião com os CEO das principais empresas de seguros de saúde dos EUA. Findo o Obamacare, percebe-se quem vai lucrar a curto prazo com o fim do sistema de saúde público. Sem decoro, sem vergonha e às claras.
Trump sente-se intocável e vai a seu bel-prazer construindo a sua agenda, indiferente a tudo e a todos. E a verdade é que, aos poucos, a “resistência” interna e externa vai amolecendo. Veja-se a cerimónia dos óscares, outrora sempre um palco de contestação, e desta vez? Desta vez assistimos apenas a umas ténues críticas: um mexicano e um iraniano. O resto? Algumas bocas em jeito de piada… que beliscam, mas não ferem.
É assustador pensar no que ainda está para vir ou no que pode acontecer. E ainda mais assustador é perceber o quanto somos impotentes perante tudo isto.
Escreve à quinta-feira