Existem na noite pessoas que agem sempre da mesma forma, são estereótipos facilmente identificáveis e que se vão revelando à medida que as horas vão passando. O casal que entra sozinho bebe um copo e vai-se embora não conta para a história porque estão apenas 20 pessoas no espaço e já três homens sorriram para ela, o que motivou uma discussão e um amuanço, foram jantar e passaram ali mas cedo se arrependeram e antes que os olhares se transformem em dentes de crocodilo o melhor mesmo é ir para casa.
Comecemos pelos que entram muito cedo, tão cedo que ainda esperam 15 minutos à porta para ela abrir. São vistos como criaturas alienígenas e normalmente tomam esta decisão porque são mais velhos e não querem ficar até tarde ou porque não estão seguros de que vão conseguir entrar e não querem perder a festa. Também podem ser turistas que não estão habituados aos nossos horários. Na realidade nós é que estamos mal, as coisas deviam começar mais cedo e acabar mais cedo.
Existem os que compram privados e que se dividem em dois sub grupos, os que por algum motivo que ainda não percebi se acham superiores aos outros, usando-se do espaço exclusivo para conseguirem ter alguém à volta deles ou para pura e simplesmente troçarem de quem não está lá. Normalmente o que paga é sempre o mesmo, e os restantes são os amigos e amigas que ele gostava de ter mas que só o acompanham porque é tudo “à borlix”. Os outros que adquirem este espaço fazem-no apenas porque é a forma de não levarem com muita confusão. Há ainda as miúdas que passam a noite a “cravar” os que estão a gastar e as que sorrateiramente se “colam” às mesas, fazendo as delícias dos papalvos que por ali “estalam” garrafas.
Depois aparecem também os grupos só de homens que saíram de uma festa de empresa ou são da mesma turma na faculdade, passam a noite a falar de futebol e aqui ou ali de uma rapariga mais gira que passa. E claro, os grupos só de mulheres que formam sub grupos e ou se criticam umas às outras ou criticam as mais giras que passam. Existem ainda os que vão sair com o único intuito de “sacar” alguém, dão quatro voltas à discoteca e vão escolhendo os alvos por ordem de prioridades ou da receptividade. E os que sonham a noite em que vão conseguir sair dali com alguém mas nunca conseguem. Há também os grupos das miúdas giras que não passam indiferentes a quase ninguém e os que todos gostavam de ser, normalmente conhecidos por quase todos e que escolhem o meio da pista para serem o centro da festa. Os amigos do dono também são facilmente identificáveis.
Os palhacinhos que se armam em engraçados e inconvenientes ou que dançam de uma forma pouco ortodoxa, os bêbados que fazem bingo no cartão e saem em ombros ou acompanhados de um segurança. Os parvos que urinam no balcão ou se metem de uma forma indelicada com outros. Também há quem saia em bando apenas para arranjar problemas. Os que todas as noites pedem músicas ao Dj e aqueles que foram ali parar por acaso e se encostam ao canto mostrando claramente que não queriam estar ali.
Ahhhh, ia-me esquecendo: também continuam a existir os que só saem para se divertir e aqueles que escolhem a noite para dançar.