Leio uma informação de uma consultora de referência e confirmo o que a minha intuição me dizia – nos três primeiros trimestres do ano o investimento em imobiliário comercial atingiu em Portugal os mil milhões de euros. Só no setor de escritórios já foram transacionados no mercado da Grande Lisboa cerca de 100.000 m2.
A mesma fonte garante que a taxa de desocupação reduziu de 11% em 2012 para os atuais 9%, que as rendas têm vindo a registar ao longo do ano uma evolução positiva, com subidas registadas na quase totalidade das zonas, uma boa saúde que está a contagiar o setor de retalho, onde a procura de espaços continua dinâmica, impulsionada pela restauração no comércio de rua.
Também o setor industrial tem vindo a demonstrar em 2016 uma melhoria nos níveis de ocupação, centrada – dizem – em pequenas e médias empresas que no rescaldo de crise avançam para a expansão com ou sem relocalização. Neste setor mantêm-se estáveis, não acompanhando as subidas verificadas noutros segmentos.
Mas a conclusão é que a atratividade do imobiliário português é elevada e mobiliza investidores de todo o Mundo. Em parte pela relação qualidade preço do nosso imobiliário, pelas perspetiva de recuperação económica do país, pelo regresso à normalidade empresarial em muitos campos e pelo excelente comportamento do mercado de investimento imobiliário.
Isto sem falar no turismo residencial, na reabilitação urbana que pensa no arrendamento urbano e no alojamento local, e no comportamento destes mercados, a fazerem escola e sucesso de tal forma evidente que até já há quem reclame, muito à portuguesa, que é sucesso a mais e que é preciso acautelar o futuro de forma sustentável.
Quem se insurge contra a construção de novos hostels dizendo que há camas a mais e que qualquer dia o turismo acaba e não vamos saber o destino que podemos dar a esses espaços é quem não conhece esta nova realidade nem sabe que muitos desenhos de arquitetura de hostels já pensaram nesse futuro estando preparados para se transformarem em prédios de apartamentos em regime de propriedade horizontal.
O imobiliário português são muitos jackpots . Só é de esperar é que não deitem fora estas chaves premiadas nem desperdicem uma oportunidade única para que as nossas principais cidades renasçam e ganhem, elas próprias, o direito a ser cidades com vida e com futuro para quem as escolhe como lugar para viver três dias que sejam ou o resto da vida.
As cidades portuguesas não conseguem ter sempre a sorte de poderem contar com os jackpots que o interesse na reabilitação urbana está a gerar entre investidores nacionais e estrangeiros. Esperemos que a ganância fiscal não deite tudo a perder. Não desperdice a oportunidade destes jackpots imobiliários.
Presidente da APEMIP