Não há como saber ao certo quantas pessoas morreram afogadas nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira, quando dois botes insufláveis em mau estado naufragaram pouco depois de terem partido da Líbia em direção à Itália, mas os relatos de alguns dos sobreviventes ouvidos pelas Nações Unidas sugerem que pelo menos 240 pessoas não sobreviveram à passagem pelo Mediterrâneo.
“São muito consistentes”, dizia ontem uma porta-voz do gabinete para os refugiados da ONU. “Falam de dois naufrágios, ambos não muito longe da costa líbia; dizem que os dois barcos estavam em condições muito más. Estavam muitas mulheres grávidas e crianças a bordo e todos passaram horas na água [até serem resgatados]”, comunicou Carlotta Sami ao “Guardian”.
Os sobreviventes resgatados esta quinta-feira falam de dois barcos insufláveis muito sobrelotados. De um sobreviveram 29 pessoas. Do outro, onde seguiam umas 150 pessoas, resistiram apenas duas. Os dois incidentes aumentam para 4220 o número estimado de mortes noMediterrâneo só este ano, um recorde absoluto nas contas das Nações Unidas – aproximadamente, este valor significa que todos os dias morrem 11 homens, mulheres e crianças afogadas.
E isto apesar de a União Europeia ter negociado com a Turquia um acordo de restrição de movimento que depois de março reduziu substancialmente o número de novas chegadas à Grécia. O problema é que do outro lado, na muito mais perigosa rota central do Mediterrâneo, o tráfico de pessoas desde a Líbia aumentou a passo rápido.
Já chegaram 160 mil pessas à Itália só este ano, mais do que o total do ano passado e quase no nível recorde de 2014, em que se contaram 170 mil pessoas.