Há uma semana estava em Moçambique, onde reuniram os ministros das Comunicações da CPLP e cujos resultados aqui partilhei na última crónica. Hoje estou na Tailândia, convidado a participar na 2nd Asia-Pacific Regional Forum on Smart Sustainable Cities and e-Government, onde tive a oportunidade de apresentar as linhas de orientação para a elaboração da Agenda Digital para a CPLP, aprovadas na referida reunião de ministros.
Ainda que com penalizações a nível pessoal, tenho a sorte de fazer (profissionalmente) o que gosto. Ao contrário do que se possa pensar, não é turismo! Resta sempre muito pouco tempo para relaxar ou fazer sight seeing. Mas enriquece, muito, e o que não colecionamos sob forma de álbum fotográfico sobra-nos em matéria de contactos pessoais e de interação cultural.
Melhor exemplo foi a mesa do almoço em que me sentei: uma alemã, um canadiano, um maliano, um tailandês e um coreano. Um melting pot cultural impressionante, mas bastante enriquecedor.
Voltando à conferência, o painel em que participei não podia ser mais apropriado: Digital Transformation, Economies and Societies. É precisamente para dar resposta às transformações que o digital impôs à economia e às sociedades que se pretende elaborar uma Agenda Digital para a CPLP.
Por aqui (tirando algumas exceções), não conheciam a CPLP e muito menos a ARCTEL ( Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da CPLP). Ficaram espantados com a dispersão geográfica dos membros. Com a presença em quatro regiões do mundo e, com naturalidade, entenderam a mais-valia de criação de uma estratégia digital para esta comunidade. Ficaram a saber que o português é a quinta língua da internet e a terceira das redes sociais. E perceberam o valor e importância da língua portuguesa.
Falou-se sobretudo de Smart Cities, tudo muito focado nos grandes centros urbanos, onde a literacia digital, acesso a redes de banda larga ou a recetividade para utilizar TIC não são um problema. Ficaram surpresos por na CPLP estarmos a apostar num conceito totalmente diferente – em Smart Villages. O conceito é o mesmo, visa a utilização das TIC para melhorar a qualidade de vida e promover bem-estar. A diferença é a de estarmos a alargar a rede de inclusão digital de forma verdadeiramente inclusiva desenvolvendo soluções tecnológicas à medida dos problemas que identificamos, com capital humano local e fora dos centros urbanos.
Ficaram ainda surpresos com o Centro de Formação ARCTEL por conseguir juntar no mesmo patamar diferentes universidades e empresas privadas e apresentar uma oferta tão completa e diversificada de formação.
Para mim não foi surpresa. Foi apenas a confirmação de que estamos no caminho certo. Que estamos a preparar um futuro melhor para os nossos cidadãos. Os resultados virão, aos poucos, mas virão.
Daqui a poucas horas estarei a caminho de Nairóbi. Outra região, um novo cenário a mesma razão – mostrar o que de bom fazemos na CPLP.