Investimento. Travão nas barragens permite poupar quase 72 milhões

Investimento. Travão nas barragens permite poupar quase 72 milhões


Estudo do regulador garante que não construir as estruturas de Alvitoe Girabolhos permitiu economizar no incentivo ao investimento     


O cancelamento de duas barragens, mais precisamente do Alvito e de Girabolhos, permitiu uma poupança de cerca de 72 milhões de euros. 

A conclusão é de um estudo da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) que foi feito para analisar o regime de atribuição de incentivos à garantia de potência. De acordo com os dados divulgados ontem, estima-se que a construção destas duas barragens tivesse incentivos anuais na ordem dos 3,6 milhões de euros até 2032. “Em concreto, o cancelamento da construção das barragens do Alvito e de Girabolhos representa um custo total evitado na parcela de incentivo ao investimento de, aproximadamente, 72 milhões de euros – 3,6 milhões de euros anuais -, para o período do estudo”, explicam.

De acordo com o estudo apresentado ontem, pode ainda perceber-se que, em termos globais, “o regime de incentivo à garantia de potência atualmente em vigor em Portugal continental inscreve duas modalidades: um incentivo à disponibilidade (destinado a apoiar a manutenção em serviço dos centros eletroprodutores térmicos) e um incentivo ao investimento (destinado a apoiar a realização de investimento em tecnologias de produção a partir de fontes hídricas, com duração de 10 anos)”. Sendo que no período analisado por este estudo (2013 – 2032), o montante global associado ao incentivo ao investimento (hídrica) totaliza cerca de 356 milhões de euros e o montante associado ao incentivo à disponibilidade (térmica) cerca de 309 milhões de euros, o que perfaz um valor total de 665 milhões de euros. Ou seja, a garantia de potência a pagar à EDP e Endesa custa este valor até ao ano de 2023.
No estudo ao regime de atribuição de incentivos à garantia de potência, encomendado pelo governo em abril, o supervisor adianta ainda que este mecanismo corresponde a um custo médio anual de, aproximadamente, 33 milhões de euros. 

Recomendações  Uma das principais recomendações da ERSE aponta para o facto de “uma eventual revisão do mecanismo de garantia de potência dever guiar-se pela instituição de um mecanismo regido por regras de mercado, concordante com o enquadramento europeu neste domínio e devidamente articulado a nível regional no quadro do MIBEL (Conselho de Reguladores do Mercado Ibérico da Eletricidade)”. E, aqui há vários critérios a ter em conta. Nomeadamente no que respeita às regras de mercado para a verificação de auxílios de Estado. No estudo, a ERSE deixa claro que têm de ser tidos em conta vários aspetos. Um dos tópicos levantados pelo regulador é o facto de a “atribuição de auxílios dever ser precedida da realização de um procedimento concursal competitivo, com base em critérios claros, transparentes e não discriminatórios”. Mas também outros pontos ganham expressão. Entre outros aspetos, o regulador sublinha que é importante que sejam incorporados “mecanismos que impeçam a geração de lucros indevidos”.